O Governo do Espírito Santo anunciou, na manhã desta terça-feira (10), um conjunto de investimentos na área da inovação. Durante o evento realizado no Palácio Anchieta, em Vitória, o governador Renato Casagrande lançou o programa ‘ES Inovador’ e o Manifesto da Inovação. Também foi anunciada a relação de editais de fomento à pesquisa e à inovação para este ano. O investimento somente para os editais é de mais de R$ 79 milhões em recursos estaduais e fruto de parcerias.
Na ocasião, foram abertas as inscrições para o Programa Centelha, que é promovido pelo Governo Federal em vários estados. A iniciativa oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso.
O governador Casagrande afirmou que o objetivo das ações é a promoção do ambiente de inovação no Espírito Santo. “Não apresentamos um projeto de Governo, mas sim um programa de Estado que envolve outros atores. Queremos que todos estejam envolvidos, pois todos têm um papel a cumprir. Na hora que a gente assina esses editais, estamos aportando recursos públicos em inovação. Nós aqui no Espírito Santo temos uma gestão fiscal responsável, em que podemos aportar R$ 79 milhões em ciência, pesquisa, tecnologia e inovação”, afirmou.
Em contraponto aos investimentos do Governo do Estado, Casagrande lamentou a diminuição de recursos em âmbito nacional. “Enquanto o Governo Federal retira dinheiro de pesquisa, a gente aporta. Isso é um diferencial do nosso Estado. Queremos que o Espírito Santo todo tenha um ambiente de inovação. Inovar para que possamos mudar de patamar na prestação dos serviços públicos. A sociedade tem pressa e está mais exigente. Temos que ser mais rápidos, eficientes e com menor custo", enfatizou o governador.
As ações apresentadas são resultado do trabalho das Secretarias de Estado de Governo (SEG); de Desenvolvimento (Sedes); da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti); além da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) – autarquia vinculada à Secti.
“Quando um governo investe em questões relacionadas à pesquisa, à busca de conhecimento e, principalmente, à inovação, é uma visão de alguém que está preocupado com o presente, mas também com o futuro não só do Estado, mas dessa nação. Então, eu acho que o que nós estamos fazendo é uma tentativa de reduzir os impactos das ações que têm sido feitas nessa área através da busca de um Estado mais forte por meio da inovação”, afirmou a secretária da Ciência e Tecnologia, Cristina Engel.
Também estiveram presentes a vice-governadora, Jaqueline Moares; os secretários Tyago Hoffman (Governo); Álvaro Duboc (Planejamento); Paulo Foletto (Agricultura); Marcos Navarro (Desenvolvimento); Fabrício Noronha (Cultura); Lenise Loureiro (Gestão e Recursos Humanos); Dorval Uliana (Turismo) e os diretores de Órgãos, José Elias do Nascimento Marçal (IPAJM); Alberto Gavini (Aderes); Fabiano Araújo (Fames); Luiz Paulo Velloso Lucas (IJSN); Madalena Santana (Diário Oficial); e Heber Rezende (ES Gás).
Programa ‘ES Inovador’
O Governo do Estado investe para que o Espírito Santo, baseado em suas vocações e potencialidades em relação ao incremento das atividades de inovação, possa atrair mais investimentos que impactem diretamente na economia capixaba. Transversal a quase todos os órgãos estaduais, o ES Inovador se divide em duas áreas: “Governo Inovador” e “Economia Inovadora”.
Gerido pela SEG, o Governo Inovador é um programa que busca a otimização e a rápida resolução de processos por meio da robotização, diminuindo tempo das ações e gastos financeiros.
“O Governo Inovador é uma missão dada pelo governador Renato Casagrande com o objetivo de automatizar os órgãos do Governo, gerando mais segurança e agilidade nos procedimentos, além de menos desperdício e poluição do meio ambiente”, pontuou o coordenador de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da SEG, Victor Murad Filho. A meta é automatizar todos os processos até o final de 2022.
O programa vai funcionar, entre outros aspectos, através de ferramentas de inteligência artificial que ajudam no aperfeiçoamento de tramitação de processos, tornando-os mais ágeis e sem uso de papel. Além disso, o cidadão será beneficiado diretamente com a facilidade de acessar os serviços do Governo por meio de aplicativos e computadores, sem precisar de ir a qualquer repartição pública.
Já a Economia Inovadora está baseada na formação para o mundo do trabalho; na Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I); e na ambiência de negócios. Estão previstas algumas ações – e outras já estão sendo implementadas – para incentivar o empreendedorismo, a inovação e a criatividade. Entre elas estão o Programa Qualificar ES, o ensino médio integrado, a Formação Profissional para a Inovação; e os Centros Técnicos Criativos (CTCs).
As ações em PD&I buscam incrementar a cultura científica desde a formação escolar, além de proporcionar a conectividade entre empresas, investidores e academia e oferecer serviços à sociedade através dos resultados das pesquisas. Como exemplo, temos a realização anual da Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, a organização de Fóruns de Inovação e o trabalho realizado no Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (CPID).
Em relação à ambiência de negócios, o trabalho do Governo será pautado pela atração de investimentos, pelo aporte de recursos no Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec), pela Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI) em ações de fomento à inovação, e na realização dos programas Simplifica-ES, ProintES e Inova Mercado.
“A Economia Inovadora é o que se busca, é o ideal. Nós queremos trabalhar de acordo com os novos tempos. Então, o que temos que fazer? Enquanto Governo, nós temos uma obrigação de reduzir os trâmites, de criar uma boa ambiência de negócios, de buscar que o empreendedor encontre uma condição favorável, seja para começar o seu próprio negócio seja para incrementar um negócio existente, mas de acordo com as novas diretrizes dos novos tempos. Então, não dá mais para pensar da mesma forma como se pensava há dez anos. O espírito empreendedor tem que estar presente nessa busca”, explicou a secretária Cristina Engel.
Manifesto da Inovação
Um grupo composto por representantes da sociedade, poder público, instituições de ensino e empresas – denominado Mobilização Capixaba para a Inovação –, idealizou o “Manifesto da Inovação”. O material contendo o texto foi distribuído para o público do evento realizado nesta terça (10) na forma de um livreto de oito páginas com a explicação, propostas e metas que o grupo entende ser fundamentais para o desenvolvimento do ecossistema capixaba de inovação.
O objetivo do “Manifesto da Inovação” é fazer o Espírito Santo trilhar o caminho da inovação para avançar em aspectos econômicos, tecnológicos e sociais. O grupo defende que somente o alinhamento entre a sociedade, poder público, instituições de ensino e empresas, em torno de um mesmo projeto, será capaz de estabelecer um ecossistema forte e conectado às demandas reais do mercado.
Cristina Engel comentou sobre a forma que o Manifesto da Inovação foi elaborado e como ter muitos setores participantes foi importante para o resultado do Manifesto. “Um aspecto fundamental é que ele foi construído por muitas mãos. As principais empresas do Estado, a academia está toda representada. A sociedade, em muitos aspectos e setores também está representada, e o Governo presente”, considerou.
Segundo Cristina Engel, não se trata de um manifesto construído por alguns, mas sim de um trabalho coletivo e de um pensamento comum dentro da área. “Quando as pessoas começam a se unir, começa a se identificar também as potencialidades dos trabalhos conjuntos. É através dessa união de esforços que a gente define algumas metas para o Estado, já começa a se constituir as articulações. Então, seja por meio de encomendas do setor privado dentro da academia, pela união de esforços com um objetivo comum, ou por meio de investimentos, nós já estamos tendo resultados que são derivados desse esforço de elaboração do Manifesto”, pontuou.
Os princípios que norteiam a proposta do “Manifesto da Inovação” são:
A formação de talentos deve começar na escola;
A conexão entre poder público, empresas e academia é fundamental;
Sem fomento, não há inovação;
O Estado deve assumir o papel de facilitador;
Grandes empresas, grandes oportunidades;
Instituições acadêmicas devem dialogar com o mercado;
Por uma cultura empreendedora.
As metas previstas pelo Manifesto, em 10 anos, são colocar: o Espírito Santo entre os cinco estados mais inovadores do Brasil; ampliar o número de empresas inovadoras (startups) nascentes no Espírito Santo; e ter 20% de empresas baseadas em tecnologia e inovação entre as 200 maiores empresas do Estado.
Fomento à inovação e à ciência
Para atender ao crescente desenvolvimento da inovação no Estado e à pujante atividade de pesquisa científica e tecnológica, a Fapes preparou um conjunto de editais de fomento a serem lançados ainda em 2019. Juntas, as chamadas públicas superam a marca de R$ 79 milhões em recursos provenientes do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec) ou resultado de parcerias com a Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI) e agências federais de fomento.
“O montante de investimento anunciado demonstra a importância que o Governo do Estado tem dado para a pesquisa e a inovação no Espírito Santo, além de revelar a atuação estratégica da Fapes para garantir o desenvolvimento da atividade científica do Estado, investindo na geração de conhecimento e na busca por novas tecnologias”, destacou o diretor-presidente da Fapes, Denio Rebello Arantes.
Na inovação, estão listadas ações voltadas ao desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo, com uma versão capixaba do Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (SEED) para apoiar atividades de aceleração, projetos inovadores e startups com modelo de negócio ou produto já testados. Soma-se a isso a estruturação da Fábrica de Ideias para instalação de um hub de inovação.
Em relação às inovações tecnológicas, diversos editais serão lançados, com a MCI, para apoiar negócios inovadores nas áreas de alimentos e bebidas, rochas, metalmecânica, gestão na Indústria 4.0 e spin offs. Além disso, o Governo selecionará e apoiará projetos de startups que ofereçam soluções para desafios da gestão pública por meio do Programa PitchGov.
Para a ciência e tecnologia, a Fapes preparou editais, entre chamadas já conhecidas da comunidade científica local e algumas inéditas. Alguns exemplos são o Programa de Excelência Acadêmica da Pós-Graduação Capixaba (Propex) – voltado à estruturação dos programas para elevar o padrão da pesquisa feita no Espírito Santo a níveis de excelência –, e o edital de apoio financeiro a pesquisadores e discentes para publicar artigos em periódicos acadêmicos e científicos.
A Fapes também incentiva o interesse de crianças, adolescentes e jovens na pesquisa, desde a educação básica, com o Programa de Iniciação Científica Júnior (PIC Jr.) que apoia projetos realizados por alunos nas redes públicas, até o ensino superior e com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Tecnológica e de Inovação do Espírito Santo (Pibices) para alunos de graduação. A formação de pesquisadores é outra linha de atuação e conta bolsas de mestrado e doutorado destinadas a programas institucionais de pós-graduação do Estado, por meio do Programa de Capacitação de Recursos Humanos na Pós-Graduação (Procap). A Fundação ainda lançou editais voltados à organização de eventos e à participação em eventos, já com a relação das chamadas a serem abertas em 2020.
Inscrições para Centelha ES
Publicado no Diário Oficial desta terça-feira, também foi anunciado durante o evento no Palácio Anchieta o edital para o Programa Centelha, uma iniciativa que visa a estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. O programa oferece recursos financeiros – cerca de R$ 60 mil por projeto contemplado – capacitações e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso.
“A Fapes assumiu, com o apoio dos seus parceiros, o compromisso de divulgar o Centelha ES em todos os cantos do Espírito Santo para estimular a vocação empreendedora da população. O cenário capixaba da inovação tem se mostrado promissor, principalmente nos últimos anos, revelando a criatividade dos negócios aqui gerados e que já recebem destaque no âmbito nacional”, considerou o diretor-presidente da Fapes, Denio Rebello Arantes.
Podem participar pessoas físicas ou empresas com faturamento anual bruto de até R$ 4,8 milhões criadas e formalizadas a partir do programa ou com até 12 meses da criação, contado a partir do lançamento do edital.
As inscrições de ideias podem ser realizadas até 25 de outubro. Ao todo, 300 serão selecionadas para próxima fase. Após as capacitações, a lista final com 28 aprovados para contratação será divulgada.
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