Trinta e quatro projetos com ações efetivas e inovadoras para enfrentar a Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus, começam a ser desenvolvidos no Espírito Santo com apoio do Governo do Estado. O panorama geral do investimento foi o tema de um evento virtual, realizado na tarde desta quarta-feira (08), com mediação do governador Renato Casagrande. Foram destinados R$ 3 milhões para o apoio a projetos de pesquisa científica e de inovação, por meio do edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), autarquia vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti).
O governador Renato Casagrande destacou a importância do investimento para os capixabas. “Esse é um momento importante da ciência e tecnologia em nosso Estado. O investimento em inovação se mostra mais do que nunca importante e fundamental, principalmente durante a pandemia. Para alguns, a politização se tornou mais importante do que a ciência neste momento. O uso de um determinado medicamento virou briga política. O Brasil precisa achar um caminho audacioso que una as pessoas. Apoiar a inovação, a ciência, a energia renovável, a diversidade da sociedade e a proteção do meio ambiente. São temas que não podem ser defendidos por um ou outro político, mas precisam ser o projeto de vida de todos”, afirmou.
Casagrande prosseguiu abordando a necessidade de o País avançar no desenvolvimento tecnológico para evitar cenas vistas durante esse período de dificuldade. “A pandemia expôs com clareza a falta de soberania do nosso País. Quando a gente precisa comprar insumos, medicamentos e respiradores fora do País, mostramos que a soberania não é se isolar, mas a capacidade de enfrentar e vencer momentos como este dependendo apenas de nós. Aqui no Espírito Santo, temos pessoas e instituições capacitadas para serem protagonistas, principalmente na área de ciência, tecnologia e pesquisa. Por isso a importância de políticas públicas eficientes”, observou o governador.
A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional, Cristina Engel, comentou sobre a eficácia do edital nas repostas obtidas. “Foi para nós uma agradável surpresa verificar como a sociedade responde quando é provocada. Foi colocado um problema, que são os impactos da Covid-19 na saúde, economia e sociedade de forma geral. Nós obtivemos como resposta mais de 300 propostas de soluções, seja solução científica, tecnológica, de inovação, ou mesmo de produtos, serviços. Isso demonstra que essas provocações, independentes da pandemia, devem continuar acontecendo, porque é uma forma de nós continuarmos implementando ações e investimentos para inovação”, afirmou.
O diretor-presidente da Fapes, Denio Rebello Arantes, ressaltou a sensibilidade e velocidade da administração estadual em elaborar uma chamada pública diferente de outras em sua rotina administrativa para o combate à pandemia da Covid-19 no Espírito Santo. Ele também registrou a grande participação da sociedade no chamamento público, principalmente de representantes de instituições de ensino e pesquisa e inovação, empresas e startups. "Destacamos que os projetos submetidos envolviam produtos, serviços e pesquisas científicas e de inovação nas mais diversas áreas, do social ao tecnológico. Dessa forma, auxiliamos também as demais secretarias de governo ao encaminhar propostas recebidas que poderiam se encaixar nas necessidades de outras pastas", relatou Denio Arantes.
Projetos apresentados
Durante a transmissão, os coordenadores de dois projetos apresentaram as propostas aprovadas, os tipos de resultados esperados e o tempo de desenvolvimento previsto. O biólogo, mestre em engenharia ambiental e doutor em biotecnologia, Jairo Pinto de Oliveira, foi um deles. O pesquisador apresentou o projeto “Desenvolvimento de sistema de detecção ultrassensível e em tempo real para SARS-CoV2, baseado em SERS Portátil”.
“Nossos resultados (ainda em andamento) têm mostrado que a tecnologia em desenvolvimento possui elevada sensibilidade e pode contribuir sobremaneira para a diminuição dos custos, agilidade e confiabilidade dos resultados. Nosso grupo está trabalhando em parceria com o grupo de pesquisa em Aprendizado de Máquina do IFES campus Serra, que está desenvolvendo ferramentas de Inteligência Artificial para tratamento e disponibilização dos dados de forma remota para os usuários e gestores em saúde”, explicou Jairo Pinto de Oliveira, que atualmente desenvolve pesquisas na área de nanomateriais funcionais, com foco em catálise e nanossensores ópticos.
Jackley Maifredo é empreendedor, CEO na Maifredo Embalagens e presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado do Espírito Santo (Sindiplast-ES). Ele apresentou o projeto “Adaptação de CPAPs para Tratamento Não-Invasivo”, durante a transmissão ao vivo. “Existe uma preocupação com o número de respiradores hospitalares para atender à população. E a intubação precoce também nos aflige, devido à agressão e à demora na recuperação. Portanto, a adaptação das máscaras de CPAPs é uma alternativa não-invasiva que poderá ser usada para tratar pacientes que precisam de um suporte menos intensivo”, pontuou.
O empreendedor também falou sobre o incentivo do Governo do Estado nas áreas de inovação e pesquisa no Espírito Santo: “O apoio do Governo do Estado é fundamental para que possamos tornar esse projeto realidade, tanto financeiramente, com o apoio por meio do edital, quanto por meio de conseguirmos acesso a informações técnicas de especialistas e equipamentos, e depois para implementação do produto nos hospitais estaduais”, destacou Jackley Maifredo.
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