O diretor-geral da Fundação, Rodrigo Varejão, esteve ao lado de especialistas do País em encontro na Ufes.
Com o objetivo de compartilhar conhecimentos em busca de novas propostas de política científica para o País, aconteceu nesta sexta-feira (21), o painel "Políticas Científicas para corrigir assimetrias regionais", na reunião regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão, esteve presente no evento e fez uma apresentação mostrando o histórico da evolução da área no Estado e como a Fapes tem trabalhado para o aumento do fomento da ciência, tecnologia e inovação.
"Para a comunidade científica local receber um evento como este, como está sendo em Vitória, tem muita importância. Pode ter certeza que essa agenda passa a ficar em evidência e isso ajuda o trabalho que a gente faz aqui na Fapes, fortalecendo nosso ecossistema estadual, abrindo novas possibilidades para a construção de diretrizes que vão nos ajudar a evoluir como um todo", destacou Rodrigo Varejão ao final do painel.
O encontro foi mediado pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Paulo Artaxo, e contou com a participação de outros especialistas: Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Luiz Davidovich, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Espírito Santo como modelo de políticas de sustentabilidade
Mediador do bate-papo, Paulo Artaxo destacou que o Espírito Santo se destaca em políticas de sustentabilidade e deve ser um modelo a ser seguido por outros estados do País.
"O tema dessa reunião trata da questão de desenvolvimento sustentável, de encontrar um modelo de desenvolvimento que efetivamente esteja ao lado da população. E é muito importante a gente notar que o Espírito Santo tem políticas de sustentabilidade que estão muito à frente de muitos dos demais estados do Brasil, inclusive estados mais ricos, como São Paulo”, frisou Artaxo.
“Então, é uma grata satisfação estar aqui e ver como que a comunidade científica, em particular a Universidade Federal do Espírito Santo, trabalha diretamente com o Governo Estadual na elaboração e implementação de políticas públicas de sustentabilidade para o Estado. Isso mostra uma visão muito mais ampla do Estado na questão da sustentabilidade e eu espero que os demais estados do Brasil implementem políticas similares ao que ocorre aqui no Espírito Santo", afirmou o vice-presidente da SBPC.
Já a presidente da ABC, Helena Nader, destacou que os encontros regionais são muito relevantes para apontar para onde devem seguir as políticas públicas.
"Trazer essa discussão nesse encontro é muito relevante para alertar para potenciais políticas públicas. O Brasil é muito grande, que nem essa mesa nossa de hoje, mega diverso e tem diferenças regionais. Então, como é que a gente consegue, via ciência, diminuir ou igualar essas assimetrias? Esse foi um debate para pensar", pontuou Helena Nader. Ela ressaltou ainda a importância de se avaliar o impacto que as políticas públicas geram na sociedade.
"Já tiveram várias políticas que foram sendo implementadas ao longo dos anos e que, na minha opinião, surtiram efeito. Mas no Brasil temos um defeito: a gente não faz avaliação do impacto dessas políticas. Seria interessante mensurar o verdadeiro impacto. O Brasil criou há muitos anos atrás uma política de 30% mínimo (de investimento) para Norte, Nordeste e Centro-Oeste, nas chamadas para ciência, tecnologia e inovação. E, como eu tenho mais idade, me lembro que, na primeira rodada em que isso foi aplicado, os projetos chegavam muito mal estruturados, não se conseguia fazer. Mas evoluímos e hoje vai muito além dos 30%. Agora, temos essa avaliação dos impactos? Então, falta isso", explanou Helena Nader.
Representante da Finep no encontro, Luiz Davidovich destacou que o País precisa discutir mais ciência, tecnologia e inovação. Segundo ele, as conversas devem levar em conta as dificuldades e oportunidades que o cenário atual proporciona.
"Nos últimos tempos, nós temos visto uma verdadeira mudança na ordem mundial. O Brasil tem que usar essas oportunidades para se destacar no mundo e usar para o benefício da sua população. A SBPC tem lutado muito por isso, por um desenvolvimento sustentável para o Brasil nos âmbitos da natureza, social e econômico. Essas reuniões são muito importantes para trocar ideias, inclusive, ter a contradição, ter ideias diferentes para se chegar a propostas de política científica para o País. Precisamos disso", cravou Luiz Davidovich.
"Temos 20% da biodiversidade mundial. Isso é uma fonte de riqueza fantástica para o País. Então, há muitas questões que têm que ser discutidas e essas reuniões da SBPC propiciam isso. A gente tem que pensar na sociedade como um todo. Afinal, é um país desigual e a SBPC também discute isso, trata da questão da desigualdade social que precisa ser enfrentada", complementou Davidovich.
Presidente do CNPq destaca disseminação da ciência
Presente em Vitória para o painel que tratou das novas propostas de políticas científicas, o presidente do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, fez questão de exaltar os encontros regionais do SBPC. De acordo com ele, as reuniões acabam por colocar a ciência em evidência na sociedade local durante o evento.
"Sempre quando tem uma reunião regional, é muito importante porque a sociedade toma conhecimento. E muito das coisas que a SBPC organiza tem uma relevância enorme. Discutimos a questão da uniformidade do apoio ao desenvolvimento científico nas regiões do País, porque nós sabemos que existem diferenças enormes entre o Sudeste, Norte e Sul, por exemplo. Então, nuclear aqui em Vitória esse evento, com discussões desse tipo, mostram para a sociedade e também fazem os próprios pesquisadores se tornarem conscientes da importância de disseminar mais atividade científica", salientou Ricardo Galvão.
Ele também destacou o tema central da reunião regional: clima e oceano.
"Certamente, tratar de temas específicos como esse dos oceanos em um local diretamente ligado à importância do tema, como Vitória, tem uma relevância muito grande. Nós falamos muito em mudanças climáticas, mas geralmente quando pensamos em mudanças climáticas, pensamos mais na questão da terra. Quando se fala em oceano, se fala só em nível do mar, mas que vão ter consequências enormes. Por exemplo, nós sabemos que estamos perdendo corais, nós sabemos a questão da disseminação de micro plásticos nos oceanos... Então, quando fazemos essa discussão em um local que está próximo do problema, fica muito mais relevante", frisou o presidente do CNPq.
O que é a SBPC?
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência é uma entidade civil, sem fins lucrativos ou posição político-partidária, voltada para a defesa do avanço científico e tecnológico, e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Desde sua fundação, em 1948, a entidade exerce um papel importante na expansão e no aperfeiçoamento do sistema nacional de ciência e tecnologia, bem como na difusão e popularização da ciência no País.
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