02/04/2010 18h46 - Atualizado em 10/08/2015 15h19

Reunida em Vitória, comunidade científica do sudeste debate a qualidade do desenvolvimento brasileiro

A 4ª Conferência Regional de Ciência e Tecnologia realizou sua plenária final na noite de quarta-feira, (31), no Centro de Convenções de Vitória. Cerca de 480 cientistas, doutores, mestres e gestores públicos do Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais participaram do evento. O objetivo é preparar o documento com as propostas prioritárias do sudeste na política nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI).

Uma das constatações observadas na conferência e que deverá figurar com destaque no documento final é a incipiente inserção do Espírito Santo no contexto nacional de Ciência e Tecnologia e o debate que isso possibilita para todos os Estados do sudeste. Para alguns gestores do Ministério da Ciência e Tecnologia ainda é cedo para aferir resultados, mas é possível analisar que a incidência de CTI nas políticas públicas do Estado farão com que o desenvolvimento capixaba tenha mais qualidade e eficiência.

De acordo com o coordenador geral da conferência, ex-secretário de CTI do ES, deputado Paulo Foletto, “A sociedade capixaba agradece ao governador Paulo Hartung por ter começado a pensar em CTI no Espírito Santo. Mas, é preciso que este compromisso de se desenvolver com plena percepção da pesquisa e das tecnologias seja perene em todas as pastas”, avaliou. Aos gestores do sudeste, Paulo Foletto fez uma palestra de apresentação do programa capixaba de inserção social através do financiamento do ensino superior para estudantes carentes, mais conhecido como Programa Nossa Bolsa.

O assessor da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Antonio Macedo, que foi coordenador da 3ª conferência, em Belo Horizonte, afirmou que o processo de inserção do Espírito Santo é uma boa novidade no sistema de CTI. “Aos poucos,novos atores e novas concepções de trabalho vão surgir neste Estado em função de ter se despertado para as políticas de CTI”, afirmou.

A transversalidade da CTI faz com que todas as pastas de gestão pública tenham um plano de aplicação de tecnologia e inovação para melhoria do serviço prestado ao cidadão. Na concepção do professor Francisco Rapchan do Instituto Federal de Educação, ainda é preciso mapear as competências do Espírito Santo para provocar mais inovação. Além disso, afirma Rapichan, o Estado precisa acordar para a necessidade de uma universidade pública estadual. “O programa Nossa Bolsa é excelente. Mas sozinho não é capaz de melhorar a excelência do ensino superior. Precisamos de uma universidade”, disse Rapchan.

Formação de doutores
O pro-reitor de pesquisa da USP ( Universidade de São Paulo) Marco Antonio Zago fez uma palestra sobre os desafios da universidade pública para formar mais mestres e doutores, como estratégia de excelência do conhecimento e da pesquisa brasileira. Segundo ele, a universidade pública brasileira precisa ser a pioneira da mudança da educação, adotando novas tecnologias educacionais e pedagógicas. “Mas não é somente a universidade que tem que se envolver nesta mudança, é toda a sociedade”, explicou. O pro-reitor defende que as universidades sejam fiscalizadas por órgãos externos e que se abram mais para a comunidade do seu entorno.


Metodologia
Grande parte dos conferencistas elogiou a metodologia do evento, desenvolvido pela Factum Consultoria, que dispôs os participantes em mesas de trabalhos com autonomia para circular entre as diversas mesas, construindo uma espécie de “feira de ideias” em torno dos eixos temáticos do evento. O consultor João Telles informou que este sistema permitiu coletar contribuições de variadas formas e contemplar a todos na construção das propostas.

Orlando Zardo do CREA-ES afirmou que o evento superou suas expectativas por que teve participação em qualidade e quantidade. O presidente do Instituto Divulga Ciência, Lucyano Ribeiro, considerou que a conferência teve ótimas temáticas atingiu todos os objetivos programados e que isso motiva maior participação do Espírito Santo na 4ª Conferencia Nacional, que foi convocada pelo presidente Lula de 26 a 28 de maio, em Brasília.


Sudeste concentra investimentos de CTI


Ampliar a infraestrutura de pesquisa e promover a formação de recursos humanos qualificados na região mais desenvolvida do País. Esta é a estratégia desenvolvida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Nos últimos 10 anos a carga de investimentos nestes quatro estados aproxima-se dos R$ 14 bilhões.
O resultado desse trabalho é que a região detém mais da metade (62%) dos 123 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do País e um número considerável de pesquisadores, 54.182. Há dez anos, existiam 27.283 pesquisadores. No mesmo período, o número de grupos de pesquisa saiu de 6.733 (2000) para 11.120 (2009). Os investimentos na região são realizados pelo MCT, por meio de suas secretarias, unidades de pesquisa, agências e fontes de financiamento e, em parceria, com as fundações estaduais de amparo à pesquisa.
Um balanço preliminar sobre os números do ano passado revelam que os investimentos superam a casa dos R$ 3 bilhões, seis vezes a mais do que no ano 2000, quando foram investidos R$ 522 milhões.
São Paulo sedia o maior número de Instituto do País. São 44, espalhados pela capital, Campinas, São Carlos, São José dos Campos, Piracicaba, Rio Claro, Ribeiro Preto e Cordeirópolis.
O Rio de Janeiro tem o segundo maior número de Institutos (20) espalhados pelas Universidades Federais e Estaduais (UFRJ/UFF/UERJ), Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e nas sedes de vários unidades de pesquisas vinculadas ao MCT, como Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Em Minas Gerais, existem 13 Institutos, dos quais oito funcionam na capital e são ligados à Universidade Federal de Minas Gerais ( UFMG).


Parque Tecnológico

No Espírito Santo, o MCT, em parceria com o governo do estado e Universidade Federal trabalha para implantar o Parque Tecnológico Metropolitano de Vitória, que será construído em uma área de 330 mil metros quadrados, perto do aeroporto da capital. A estimativa é que sejam investidos na parte de infraestrutura da obra quase R$ 60 milhões e gerados 16 mil empregos diretos. O Parque Tecnológico terá um ambiente com condições privilegiadas para a criação, desenvolvimento e expansão local da tecnologia da informação, biotecnologia, energia, petróleo e gás natural, saúde, meio ambiente e siderurgia.
Outra ação desenvolvida é a instalação de Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) para compor a Rede Capixaba de Tecnologia (Redetec). O primeiro, inaugurado em fevereiro, beneficia a indústria moveleira do Espírito Santo. É um centro especializado em capacitação de mão-de-obra para design de móveis, que oferece cursos básicos de pintura, designer, fabricação e melhoramento de protótipos de móveis, instalado em Linhares. Mais nove unidades serão implantadas este ano com formação para indústria de confecções, capacitação comercial, indústria têxtil, agronegócios, para alimentos e bebidas e construção civil, montagem de computadores e alimentos e bebidas, para rochas minerais e setor metal-mecânico, fruticultura e para música, esportes e indústria audiovisual.



Centros de Inovação

Dentro da política do governo Federal de dinamizar o processo de inovação tecnológica nas empresas visando a expansão do emprego, da renda e do valor agregado nas diversas etapas de produção, o MCT consolida o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) investindo em Centros de Inovação em todas as regiões do País.
No Sudeste, estes centros exploram as 11 redes temáticas: Manufatura e Bens de Capital, Microeletrônica, Eletrônica para Produtos, Vitivinicultura, Energia Solar Fotovoltaica, Plásticos e Borracha, Visualização Avançada, Bioetanol, Equipamentos Médico-odontológicos, Fármacos e Medicamentos e Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.
Outra preocupação do MCT é com as ações sociais desenvolvidas na região englobando programas e projetos que viabilizam o crescimento econômico e a difusão de conhecimentos e tecnologias apropriadas em comunidades carentes nos meios rural e urbano.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sect
Nides de Freitas
(27) 9964-2490

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard