06/06/2014 14h21 - Atualizado em 10/08/2015 15h33

Nova descoberta sobre os pterossauros conta com o apoio da Fapes

Cientistas chineses e brasileiros publicaram esta semana uma das mais importantes descobertas para o estudo dos pterossauros, répteis voadores que viveram na era Mesozóica, há mais de 100 milhões de anos. Uma das pesquisadoras brasileiras envolvidas no projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

Os pterossauros, animais aparentados dos dinossauros, possuem esqueletos leves e frágeis, portanto a grande maioria dos seus fósseis é encontrada de modo achatado e incompleto. Além disso, as suas espécies são conhecidas por poucos indivíduos, o que dificulta estudos sobre variações entre machos e fêmeas e as mudanças que ocorriam durante seu desenvolvimento.

A descoberta do novo gênero e espécie Hamipterus tianshanensis vem abrir uma importante exceção. Este réptil foi descoberto na Bacia de Turpan-Hami, na cidade de Hami, na província de Xinjiang, no extremo noroeste da China. Diferente dos outros pterossauros conhecidos, os cientistas puderam escavar cerca de quarenta indivíduos, incluindo jovens, adultos, fêmeas e machos, preservados tridimensionalmente, com envergaduras variando entre 1,5 e 3,5 metros. O Hamipterus demonstra que tanto indivíduos adultos como jovens possuíam cristas na parte anterior a média de seu crânio, e que, à medida que cresciam, a principal mudança que ocorria em seus ossos era uma maior robustez e largura do focinho, demonstrando que mesmo os indivíduos jovens possuíam estes adornos. A nova espécie também comprova que tanto machos como fêmeas possuíam cristas, e não como imaginado antes, que seriam exclusivas de machos. Em Hamipterus, os machos tinham tamanhos maiores e suas cristas também eram maiores e mais robustas. Já as fêmeas eram menores e com cristas menores, mas ainda assim conspícuas e bem desenvolvidas. Acredita-se que as cristas possuíam várias funções, dentre elas a identificação interespecífica.

Além dos restos esqueléticos desses répteis, os cientistas descobriram ao menos cinco ovos. Até então, apenas quatro ovos de pterossauros eram conhecidos, todos eles extremamente achatados. Os ovos de Hamipterus, por outro lado, são preservados tridimensionalmente. Análises de espectroscopia de raios X por dispersão em energia, feita sob microscopia de varredura, demonstram claramente que o Hamipterus punha ovos de casca maleável, mas com uma fina camada externa calcária mais rígida, similares a algumas serpentes atuais. Deste modo, os ovos fossilizados do Hamipterus apresentam-se um pouco amassados e com finas rachaduras em sua parte mais externa, se encontram intactos, não quebrados. Isso aumenta as chances de encontrar embriões em seu interior.

O encontro desse espetacular depósito fossilífero demonstra que os répteis voadores eram animais de comportamento gregário e que possuíam locais específicos de nidificação, formando colônias. Provavelmente, Hamipterus enterrava seus ovos às margens de lagoas e rios, o que evitaria que eles se desidratassem. O depósito escavado é testemunha de um episódio catastrófico, em que uma tempestade que culminou em soterrar os ovos, juntamente com esqueletos de animais já mortos, preservando essa população de modo excepcional.

Programa Primeiros Projetos - PPP

A Fapes apoiou essa descoberta por meio do Programa Primeiros Projetos- PPP, programa em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que visa a apoiar projetos de pesquisa científica tecnológica e inovação, financiando pesquisas de Jovens Doutores. A doutora em Ciências Biológicas e professora do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Taissa Rodrigues Marques da Silva, comenta a importância do apoio da Fapes. “Ir à China, fortalecer a parceria com os pesquisadores de lá, a compra de equipamentos utilizados nas viagens, como notebook e câmera fotográfica, que são itens básicos, enfim, o apoio da Fapes, foi essencial”, afirmou.

Sobre sua participação a doutora relata, “Eu participei da análise do material em si, fiz as medidas dos ossos, analisei as características qualitativas dos esqueletos, tudo com o intuito de descobrir com quais outras espécies de pterossauros o Hamipterus tianshanensis se relacionava evolutivamente. Para isso, eu fiz uma análise filogenética, que resulta em uma árvore com as relações evolutivas do novo pterossauro com os outros que já se conhece”, e com esse projeto se descobriu uma semelhança com algumas espécies do Brasil. “Foi através dessa análise que pudemos observar que esse novo pterossauro é relativamente próximo de algumas das espécies do Brasil, mais uma evidência para o parentesco dos pterossauros brasileiros e chineses”, conclui.

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