31/10/2014 14h36 - Atualizado em 10/08/2015 15h34

Fapes apoia projeto que estuda a ressurgência na costa do Espírito Santo

A costa capixaba é conhecida por apresentar a água do mar mais gelada em vários pontos, mesmo na época do verão. Longe de espantar os banhistas que lotam as praias, essa água fria pode significar mais produtividade de vida marinha nesses locais. É o que sugere uma pesquisa de pós-doutoramento realizada com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

O projeto é desenvolvido pela pesquisadora Meyre da Silva e recebeu o nome de “Estudo Numérico da Interação entre a Corrente do Brasil e Águas da Plataforma Continental do Espírito Santo: Variabilidade Sazonal e Interanual”. Segundo a pesquisadora, as águas frias vêm de camadas mais profundas, são ricas em nutrientes e permitem uma produção biológica até três vezes maior do que em locais que não recebem esse fenômeno. O melhor conhecimento dessa dinâmica é fundamental na construção e manutenção de estruturas “offshore” associadas com a exploração de petróleo, uma atividade em expansão na costa capixaba.

O estudo tem como principal objetivo compreender os mecanismos que controlam o processo de ressurgência na costa do Espírito Santo. A ressurgência é o movimento ascendente das águas frias oceânicas de camadas mais profundas para a superfície, e é a principal responsável pela presença de águas frias no verão e na primavera em alguns pontos da costa capixaba.

Meyre da Silva explica que a região costeira centro-norte do Espírito Santo possui uma rica importância biológica em comparação com outros estados e conta com a presença de bancos submarinos e o banco de Abrolhos. “Esta região serve como rota migratória para a baleia Jubarte e a tartaruga-marinha. O aprimoramento do conhecimento físico-oceanográfico da região permitirá uma melhor compreensão da influência da circulação oceânica nos aspectos biológicos, além de ajudar na exploração sustentável dos recursos pesqueiros”, afirma.

Depois de quase uma década trabalhando na Europa, a pesquisadora conta que, com o apoio da Fapes, pode voltar ao Brasil e hoje trabalha no Departamento de Oceanografia e Ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “O apoio da Fapes e do CNPq foi fundamental para o desenvolvimento deste projeto. Além de fornecer apoio logístico na compra de computadores para análise e armazenamento dos resultados dos modelos numéricos, possibilitou o meu retorno à pesquisa e ao Brasil”.

Resultados Positivos

Um dos principais resultados obtidos neste estudo foi a verificação de que o vento local não é o único mecanismo responsável pelo processo de ressurgência na costa do Espírito Santo. Outras variáveis são importantes para determinar a posição e a intensidade do processo de ressurgência, tais como intensidade e posição da Corrente do Brasil e a sua interação com a região de quebra de plataforma.

Em termos de produtividade biológica, os resultados iniciais obtidos por meio de simulações numéricas indicam que as produções biológicas nas regiões de ressurgência podem apresentar uma produção biológica até três vezes maior do que áreas ou períodos onde este processo não ocorre.

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