26/06/2013 14h51 - Atualizado em 10/08/2015 15h32

Estado Presente: Ação gera frutos através de projeto que atua na prevenção ao uso de crack

O Programa de Iniciação Científica Junior (PIC Jr), uma das ações desenvolvidas mediante termo de cooperação entre a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem como objetivo principal permitir que estudantes do ensino fundamental e do ensino médio (regular ou técnico) da rede pública de estadual mantenham contato com um projeto científico e ajudem a executá-lo sob a orientação de um professor que irá coordená-lo. Com isso, os alunos serão motivados a desenvolver suas aptidões científicas, tecnológicas e inovadoras.

Objetivando alinhar as ações da Fapes com as diretrizes estratégicas do Governo do Estado são priorizadas as propostas que contemplem escolas localizadas em áreas de vulnerabilidade social e definidas no Programa Estado Presente na Região Metropolitana da Grande Vitória ou em municípios do interior.

Com uma proposta de cunho educativo, social e cultural, o projeto de pesquisa “Prevenindo para não consumir – em defesa da vida – crack tô fora”, busca desenvolver uma ação coletiva na prevenção ao uso desta droga, apontando para os graves males e sequelas ao tecido social. Ele está sendo desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Médio Mário Gurgel, situada em Terra Vermelha, Vila Velha, bairro que faz parte dos aglomerados do Programa Estado Presente.

O projeto, aprovado no edital CNPq/Fapes – Nº 001/2012, é orientado pela doutora em educação, professora Nelma Gomes Monteiro e conta, atualmente, com uma equipe de pesquisa formada por dois monitores e seis alunos bolsistas.

Entre as atividades desempenhadas pelos pesquisadores estão a descrição dos processos histórico e social da origem do crack; análise dos efeitos prejudiciais, quantitativos e qualitativos causados na vida escolar do usuário de crack; identificação das causas que levam ao uso dessa droga e mapeamento das redes e instituições que trabalham com assistência aos usuários. O projeto prevê, também, a elaboração de seminários, como o realizado no mês de maio “Conversando sobre: Prevenindo para não consumir – em defesa da vida – crack tô fora”, no auditório da Escola Estadual Mário Gurgel.

De acordo com a professora Nelma Gomes Monteiro, o projeto reveste-se de importância quando propõe discutir com adolescentes do ensino médio um problema social considerado uma epidemia para sociedade. “Através de encontros de formação, entrevistas com policiais militares e com pessoal da área de saúde, debates e seminários com estudantes e famílias temos buscado romper com o silêncio em torno de uma problemática social, que é a droga. Silêncio que desestrutura e amordaça a convivência familiar. A maior relevância deste trabalho é contribuir na formação de pessoas informadas e conscientes para ajudar as famílias e aos consumidores de drogas a enfrentar e vencer o crack”, enfatiza.

Aprendendo e ensinando

A estudante do terceiro ano do ensino médio e bolsista do projeto, Raiany Dias de Souza, 17 anos, conta porque decidiu participar da pesquisa e o que a faz ser tão importante para a sociedade. “Quando a pedagoga da escola foi à sala de aula falando sobre o projeto me interessei muito pelo tema que norteia as análises, pois eu não tinha tanto conhecimento sobre o mesmo e vi ali uma oportunidade de aprendizado, e também de ajudar outras pessoas, conversando com elas, orientando e dando conselhos. Considero essa experiência muito enriquecedora, uma vez que o projeto trata de uma questão que tem influenciado diretamente a vida dos jovens. Através dele, estou podendo obter uma maior conscientização a respeito do uso de crack. Muita gente não tem essa oportunidade. Se todos tivessem, com certeza menos pessoas estariam neste caminho”, pontua.

A monitora Tabata Haidu diz que acredita na educação como forma de mudança e destaca o que a fez se interessar tanto pelo projeto. “Foi pela oportunidade de estar inserida em um trabalho que lida direto com a comunidade, ainda mais em Terra Vermelha, considerada uma área de risco social quanto à relação com as drogas, que me propus a participar. Vejo uma oportunidade de levar aos alunos a discussão do tema, pensando na prevenção pelo conhecimento, rompendo tabus e buscando sempre saídas para esse caminho das drogas. Nós estamos trilhando uma base teórica com os alunos a fim de que sejam os multiplicadores desse aprendizado. Fizemos um mapeamento da situação em Terra Vermelha quanto ao crack relacionando o que tem sido feito e o que precisa ser alcançado para a recuperação do usuário e a prevenção”, afirma.

Resultados

O projeto, que teve início no mês de agosto de 2012, vem alcançando resultados significativos, como ressalta a professora Nelma. “Os resultados obtidos foram tanto quantitativos, estando presentes aos encontros, como qualitativos vistos nos seminários e, também, na produção textual das resenhas. Eles indicam que serão no futuro, adolescentes mais informados sobre os malefícios do crack para a sociedade. Podendo ser multiplicadores e aliados conscientes no enfrentamento às drogas e principalmente, ao crack”.

A pesquisadora enfatiza, ainda, a importância do apoio concedido pela Fapes e a sua visão de perspectiva para o projeto. “O apoio da Fapes, por meio dos recursos financeiros e estímulos técnicos foram decisivos. Sem o apoio da Fundação não seria possível assegurar um mínimo de infraestrutura que vai desde a concessão de bolsas aos recursos materiais que possibilitaram a realização das atividades e fizeram o projeto acontecer. Penso, como pesquisadora, que este trabalho deveria continuar com outros jovens, um ano é pouco tempo para alcançarmos resultados mais consolidados, uma vez que a pesquisa encerra já em agosto deste ano”, conclui.

Informações à Imprensa:
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