16/09/2024 17h34

Resultados alcançados em projetos sobre sustentabilidade na área das rochas ornamentais são apresentados em workshop realizado pela Fapes

Três projetos sobre uso sustentável do resíduo fino do beneficiamento de rochas ornamentais (FIBRO) foram apresentados.

Três projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação sobre sustentabilidade na área das rochas ornamentais foram finalizados e apresentaram seus resultados em workshop on-line realizado na última sexta-feira (13) pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), que financiou os estudos. O investimento foi de mais de R$ 1,7 milhão oriundo do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia/Mobilização Capixaba pela Inovação (Funcitec/MCI) por meio da Resolução do Conselho Científico-Administrativo da Fapes nº 233/2018.

Os estudos tiveram início em 2019 e foram finalizados em 2024, totalizando cinco anos de pesquisas com o objetivo de propor maior cuidado com os impactos causados ao meio ambiente pela área das rochas ornamentais no Espírito Santo.

“Esta é mais uma ação estratégica do Governo do Estado, executada pela Fapes e que contou com o apoio da MCI, que pode ser considerado um piloto de uma rede temática de pesquisa aplicada no setor de rochas. A partir da demanda apresentada e sob a liderança do CETEM, as instituições capixabas elaboraram três estudos voltados ao uso dos resíduos das rochas ornamentais e a Fapes e a MCI investiram para que esses estudos acontecessem. Fico muito feliz que um dos resultados gerados a partir desses estudos foi uma normativa do IEMA voltada para o manejo desse resíduo. São resultados de alto valor técnico e de impacto em matéria de política pública”, comentou diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão.

Projeto “Caracterização da lama abrasiva e dos depósitos de resíduos do beneficiamento de rochas ornamentais para licenciamento ambiental e destinação de materiais”

O estudo foi coordenado pela professora do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) de Alegre, Mirna Aparecida Neves. O projeto recebeu R$ 550 mil do Funcitec/MCI para ser desenvolvido.

“A gente fez um levantamento do volume de resíduo de FIBRO estimado para 2035 que é de, pelo menos, 6 milhões de metros cúbicos. A gente conseguiu fazer essa estimativa com base num levantamento feito por fotografia aérea a partir do mapeamento dos depósitos. Esse volume não é muito grande se formos comparar com outros tipos de beneficiamento de minério. Outra conclusão que chegamos é que a variabilidade composicional desses materiais é semelhante à das matérias-primas já testadas e aprovadas para fabricação de cerâmica vermelha, concreto, cimento, argamassa, tijolos e vidrados. E uma coisa importante é a necessidade de um tratamento prévio para garantir um controle de qualidade tratando especificamente com relação aos depósitos dos resíduos”, explicou Mirna Aparecida Neves.

Na apresentação a professora também destacou que em busca do aperfeiçoamento da normativa ambiental, é recomendável a criação de um sistema de classificação de resíduos específicos para o setor de rochas ornamentais, a exemplo do que já existe para o setor da construção civil. “Seguindo-se os preceitos das normativos ambientais, o uso do FIBRO e seus resíduos para fabricação de cerâmica e concreto é seguro e poderá trazer ganhos econômicos e ambientais. E uma produção mais limpa poderá ser incentivada com a criação de um ‘selo verde’ para produtos ‘eco-sustentáveis’, troca de tecnologia de serragem, seleção e triagem de efluentes, educação ambiental e gestão de aterros”, disse Neves.

A coordenadora contou que a pesquisa resultou em oito publicações em revistas científicas indexadas, três capítulos de livro, três outros trabalhos de divulgação, quatro dissertações, quatro trabalhos de conclusão de cursos (TCC) e seis outras capacitações.

Projeto “Normatização da utilização de resíduos de rochas ornamentais em artefatos de cerâmica vermelha e à base de cimento portland”

O 2º projeto foi coordenado pela professora Monica Castoldi Borlini Gadioli do Núcleo Regional do Espírito Santo do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O estudo recebeu R$ 700 mil do Funcitec/MCI para ser realizado e recebeu em 2023 o Prêmio Nacional de ‘Melhores Práticas em Arranjo Produtivo Local – APL de Base Mineral 2022’.

De acordo com dados apresentados pela coordenadora, no setor de rochas ornamentais existe uma perda de 83% de matéria-prima na extração e beneficiamento que são descartados, muitas vezes, de forma inadequada na natureza. “O Brasil produz por ano 2,5 milhões de toneladas de resíduos, enquanto somente no Espírito Santo existe uma produção de 2 milhões de toneladas de resíduos finos, que é o que utilizamos para esse trabalho”, contou Monica Castoldi Borlini Gadioli.

O projeto teve o objetivo de colaborar com a redução do impacto ambiental por meio da normatização do uso dos resíduos FIBRO. Muitos esforços estão sendo feitos para tornar a economia de forma circular, de modo que resíduos de produção sejam inseridos no ciclo de vida de produtos e serviços, visando reduzir o consumo de energia, água e recursos, como também as emissões sólidas, líquidas e atmosféricas para o meio ambiente.

“Nós elaboramos duas propostas de instruções normativas. Uma para cerâmica vermelha e uma para concreto. Essas instruções dispõem de requisitos para a utilização de resíduos finos e beneficiamento de rochas ornamentais. Foi publicado pelo IEMA uma instrução normativa que citava o projeto e a necessidade de estabelecer critérios técnicos para utilização desses resíduos e, depois, foi publicado o termo de referência”, informou a coordenadora.

Monica Castoldi Borlini Gadioli ainda listou outros resultados oriundos do projeto: “informações adquiridas sobre resíduos, podendo instruir a comunidade local, nacional e internacional. As cerâmicas com a incorporação de até 50% de resíduos de rochas ornamentais apresentaram ótimos resultados de absorção de águia e resistência mecânica. Transformação do resíduo em matéria prima. Desenvolvimento de materiais eco eficientes utilizando resíduos. Publicação de artigos em periódicos e publicação de trabalhos em eventos, entre outros.”

A coordenadora também afirmou, com base em seus estudos, que “o resíduo pode ser incorporado em cerâmica argilosa e concreto como uma solução vantajosa, tanto tecnológica quanto ambientalmente para os setores envolvidos, promovendo a economia circular e o desenvolvimento sustentável.”

Projeto “Bibliometria automatizada: Um estudo de caso sobre o uso de lamas de beneficiamento rochas ornamentais”

O 3º e último projeto apresentado foi coordenado pelo professor Francisco de Assis Boldt do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) da Serra. O projeto recebeu R$ 500 mil do Funcitec/MCI e teve como objetivo principal desenvolver um sistema de bibliometria automatizada utilizando inteligência artificial para explorar grandes volumes de dados e identificar as melhoras práticas para a reutilização das FIBRO em materiais cerâmicos e construção.

“Conseguimos chegar em alguns resultados diretos e o primeiro foi o desenvolvimento do sistema web scraping eficiente para coletar e classificar dados de relevância. Houveram desafios como a pandemia e a falta de infraestrutura e falta de bolsista devido ao aquecimento do mercado de informática. Também tivemos produção científica a partir do estudo que gerou uma base de documentos relevantes compilada para auxiliar em futuras pesquisas sobre FIBRO”, pontuou Francisco de Assis Boldt.

O coordenador também falou dos impactos da pesquisa: “Tivemos impactos tecnológico já que a ferramenta é flexível e pode ser aplicada a diversas áreas científicas para bibliometria. Impacto científico porque o sistema pode dar suporte a pesquisas futuras e desenvolvimento de normas técnicas para licenciamento ambiental. Além do impacto educacional gerado com a capacitação de profissionais e alunos envolvidos no projeto.”

O que é FIBRO?

FIBRO é a sigla para "Fino do Beneficiamento de Rochas Ornamentais" e é o nome dado aos resíduos sólidos não perigosos gerados durante o processo de beneficiamento de rochas ornamentais. O FIBRO é composto principalmente por pó de rocha e outros insumos utilizados no processo de beneficiamento, podendo ou não conter elementos abrasivos.

Informação à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Fapes
Samantha Nepomuceno
(27) 3636-1867
comunicacao@fapes.es.gov.br

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard