O estudo contou com apoio financeiro da Fapes por meio do Edital Extensão Tecnológica.
Você já imaginou transformar vísceras de peixe em biocombustíveis? Um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus Piúma, fez isso. O grupo usou vísceras de atum para criar carvão e o projeto foi premiado na Feira de Ciência Sul Capixaba (Fecisc) e na Feira de Ciência e Inovação Capixaba (Fecinc), conquistando passe para competir na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) por meio do Edital Extensão Tecnológica.
A coordenação do projeto de extensão foi realizada pelo professor de Engenharia de Pesca do Ifes – Campus Piúma, Flávio Bittencourt, e contou com a participação de pesquisadores do Laboratório de Modelagem do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Além de pesquisadores internacionais.
O projeto chamado “Carvão de peixe: agregando valor aos resíduos da indústria do pescado com processos termoquímicos” conquistou os prêmios de “Melhor Trabalho” na Fecisc e de “Melhor Trabalho em Ciências Exatas e da Terra” na Fecinc. Na Fecinc, a equipe também conquistou o prêmio “Meninas na Ciência” que credenciou o projeto a disputar a Febrace, maior evento de inovação e criatividade do Brasil.
A aluna do curso técnico em Pesca do Ifes, Mariana Chicon, que apresentou os trabalhos, contou que participar das feiras foi uma experiência inédita, destacando que a troca de ideia que teve com os participantes foi muito proveitosa e proporcionou novas perspectivas sobre a diversidade da pesquisa e inovação. “As premiações foram a cereja do bolo. Receber reconhecimento pelo esforço e dedicação tornou a experiência ainda mais gratificante. Saí do evento com o sentimento de realização”, disse a aluna.
Mariana Chicon ainda frisou que o apoio da Fapes foi importante para o sucesso do projeto: “É muito difícil fazer ciência sem apoio. E o apoio da Fapes foi fundamental para transformar a ideia em realidade. Sem esse suporte, não teríamos conseguido adquirir os equipamentos necessários para realizar os testes e desenvolver todo o trabalho”. A Fapes financiou o projeto de extensão com o valor de aproximadamente R$ 50 mil. O recurso é do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec).
Sobre o projeto, o coordenador Flávio Bittencourt explica que a ideia surgiu devido à presença de empresas que atuam na área de pescados próximos ao Ifes – Campus Piúma. Bittencourt afirma que essas empresas geram resíduos que são difíceis de serem tratados e, com isso, a equipe do projeto começou a investigar a viabilidade de transformar as vísceras do atum em carvão. O objetivo é criar uma nova rota de tratamento que agregue valor econômico e ambiental aos resíduos do peixe.
“No projeto nós buscamos a valoração energética das vísceras, entendendo esse resíduo como uma matéria-prima, embora não convencional, mas com potencial para produção de biocombustíveis”, destacou o coordenador.
Próximos passos do projeto
De acordo com Flávio Bittencourt, fazer carvão com materiais orgânicos é uma prática conhecida e se chama pirólise, mas esse processo com resíduos de pescado ainda é novo. O coordenador disse que a equipe do projeto já produziu cerca de 40% de carvão com as vísceras do peixe atum, mas ainda vão aprimorar o processo para obter resultados com números mais satisfatórios.
Pirólise é um tipo de reação química de decomposição ou análise, em que o calor do fogo decompõe uma substância, originando outros produtos.
O que é o Edital Extensão Tecnológica?
O edital tem o objetivo de apoiar financeiramente projetos de extensão de diferentes áreas temáticas, além de promover a formação de recursos humanos em projetos extensionistas desenvolvidos em ambientes sociais com produtos reais, valorizando a sua integração curricular com os cursos de graduação e de pós-graduação das Instituições de Ensino e Pesquisa do Espírito Santo.
O chamamento 11/2023 – Extensão Tecnológica recebeu investimento de R$ 2,5 milhões oriundos do Fundo Estadual de Ciência Tecnologia (Funcitec). Foram submetidas 176 propostas. Dessas, 51 foram contempladas.
"Com este edital, queremos que os estudantes envolvidos nos projetos, junto com seus professores e coordenadores, alcancem todo o território capixaba com soluções práticas em diversas áreas de estudo. Queremos estimular ainda mais a inovação e o desenvolvimento do Espírito Santo", comentou o diretor de Inovação da Fapes, Elton Moura.
O que é a Feira de Ciência Sul Capixaba (Fecisc)?
A feira tem o objetivo de promover a popularização da ciência e tecnologia por meio de projetos científicos que são desenvolvidos por escolas capixabas. A 3ª edição do evento foi realizada na cidade de Anchieta, no Centro Estadual de Tempo Integral de Anchieta (CEEMTI) Paulo Freire, entre os dias 23 e 25 de outubro.
O que é a Feira de Ciência e Inovação Capixaba (Fecinc)?
O evento visa expor projetos científicos de alunos do 8° e 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de escolas públicas ou privadas. O evento recebe projetos de quaisquer áreas do conhecimento que tenham sido desenvolvidos como projetos de investigação ou de desenvolvimento de soluções técnicas ou tecnológicas, utilizando o método científico ou o método de engenharia. A Feira aconteceu nos dias 27, 28 e 29 de novembro no Ifes – campus Serra.
O que é a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace)?
É um programa de talentos em ciências e engenharia que estimula a cultura científica, o saber investigativo, a inovação e o empreendedorismo em jovens e educadores da educação básica e técnica do Brasil. O evento existe desde 2003 e reúne projetos científicos e inovadores de todo o País.
Texto de Rafaela Aguiar com edição de Samantha Nepomuceno
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