Resultados do projeto são otimistas e direcionados para tornar o Estado cada vez mais sustentável.
A mobilidade elétrica já é uma realidade para os capixabas e, com a finalização do projeto de pesquisa científica “Mobilidade Elétrica no Espírito Santo – Um Projeto de Vanguarda”, o cidadão do Estado pode se deparar ainda mais com veículos elétricos circulando pelas ruas. Na noite da última quinta-feira (21), aconteceu o lançamento do livro que encerra o estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) sobre a viabilidade técnica da mobilidade elétrica no Estado. O evento foi realizado na Cidade da Inovação, em Vitória.
O projeto tem como objetivo principal desenvolver estudos em bases empíricas sobre a mobilidade elétrica e que possibilitem ao Governo do Estado realizar políticas de incentivo para o uso de veículos elétricos, a fim de promover o benefício público aos cidadãos capixabas. Também visa a estabelecer um arcabouço estrutural de dados sobre a mobilidade elétrica, disponibilizado por meio de APIs, que permitam o desenvolvimento de aplicativos e novos negócios relacionados ao assunto em questão.
Em 2021, o estudo realizou ainda a entrega de dez carros elétricos para o Governo do Estado, que são utilizados na frota da Patrulha Escolar pela Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), em parceria com a Secretaria da Educação (Sedu). No livro, é possível conhecer os detalhes de todo o projeto e os resultados alcançados com as pesquisas que tiveram duração de 30 meses. Clique aqui e acesse.
O projeto de pesquisa conta com o valor global de cerca de R$ 3,3 milhões. Os recursos são do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo/Mobilidade Capixaba pela Inovação (Funcitec/MCI), geridos pela Fapes, numa parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a EDP Smart.
O diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão, participou do evento e disse estar satisfeito com a conclusão do projeto de pesquisa. “É uma satisfação poder participar do encerramento, eu diria até da celebração, da conclusão do projeto. Um projeto que é financiado com recursos do Funcitec/MCI, que envolve uma parceria entre várias instituições, sob a liderança do Ifes. E é um projeto que nos posiciona na temática da descarbonização, temática essa que está neste momento na pauta do Governo do Estado. Então, é uma ação fomentada pelo Governo, movimentando o ecossistema de ciência, tecnologia e inovação, e preparando os capixabas para os desafios que estão na nossa porta”, destacou o diretor-geral.
“Fico muito feliz e parabenizo toda a equipe do projeto pela produção do livro. Das produções científicas, das parcerias estabelecidas, dos cursos e as capacitações no tema de veículos leves e elétricos. Enfim, todos estão de parabéns, inclusive, a equipe da Fapes que participou e acompanhou a execução desse importante projeto”, completou Rodrigo Varejão.
O professor do Ifes Reginaldo Barbosa Nunes coordenou o estudo e comentou sobre a conclusão do projeto. “A gente fez um levantamento e acreditamos que, no caso de veículos que vão ter uma rodagem acima de 120 quilômetros diários, é altamente compensador serem elétricos. E mesmo que tenham que fazer a reposição de energia noturna no próprio local onde a frota será estacionada, será muito válida essa transição. Para frotas que vão rodar acima de 120 quilômetros diários, é um excelente negócio. Isso eu estou falando só em questão de viabilidade econômica. Agora, além dessa questão, também tem o quesito de redução de emissões de dióxido de carbono ou outros poluentes”, salientou o coordenador.
Nunes também afirmou que a meta do projeto foi alcançada: “o trabalho do projeto era levantar esses dados, fazer essa análise e apresentar para o Governo quais os caminhos que eles poderiam seguir. E a gente apresenta essas análises por meio do livro demonstrando exatamente qual é o percentual de utilização de veículos elétricos que seria rentável, que seria o ideal para que se adotem frotas de carros elétricos. Também apresentados aonde aplicar isso nos grandes centros. Políticas que, por exemplo, podem, no futuro próximo, incentivar uberistas e taxistas a utilizarem carros elétricos. Isso facilitaria muito porque são veículos que rodam muito, o que compensaria economicamente para o dono do veículo e também para a sociedade capixaba, com a emissão de menos carbono”, frisou.
O projeto e resultados alcançados
O projeto de pesquisa contemplou quatro subprojetos:
No subprojeto 1, o professor do departamento de Economia da Ufes Edinilson Silva Felipe coordenou a pesquisa e concluiu que a transição de veículos convencionais de combustão interna para os elétricos vai acontecer, só que em ritmos diferentes para cada faixa de renda da população. “Para as faixas de renda maiores será rápido, mas para outras faixas de renda média e baixa, percebemos que essa transição só acontece se ela for incentivada. Então, é preciso criar mecanismos de incentivos para que isso aconteça. Nesse sentido, o que a gente percebeu é que precisa ser desenhado um conjunto de incentivos fiscais e não fiscais para estimular essa transição”, explicou o professor.
“Nos incentivos fiscais, a gente rodou dois modelos. Um modelo de redução do ICMS ou isenção do ICMS para o carro elétrico e, no outro modelo, a isenção ou redução do IPVA. A ideia é que quem for consumir um carro elétrico pague menos imposto e, com isso, o preço do carro final cai. Vimos que 19 países já utilizam desses incentivos. E vale ressaltar que essa transição vai acontecer por força da mudança climática, mas a velocidade dela pode não se deixar acontecer por si só, pode não ser suficiente em relação aos desafios que a gente tem. Notamos que dado uma taxa de crescimento da participação do carro elétrico na frota total, esses incentivos fiscais aumentariam em 50% a velocidade de transição”, continuou Edinilson Silva Felipe.
O docente explicou ainda que outras ações também podem ser associadas aos incentivos fiscais, como, por exemplo, a redução do valor de seguro dos veículos, a isenção de pedágios, as reservas em estacionamentos, entre outros.
Já no subprojeto 2, foram implantados eletropostos para abastecimento de veículos elétricos em diversos locais: Cachoeiro de Itapemirim, Guarapari, Linhares, Nova Venécia, São Mateus, Venda Nova do Imigrante e Vitória. Além da instalação de um parque de eletropostos na Sedu, com a capacidade de atender nove veículos para a carga de 7.4 KVA, que são os carros da patrulha escolar e fazem parte do subprojeto 3.
No subprojeto 4, para ser realizada as análises técnicas e de monitoramento da frota e dos eletropostos, a equipe desenvolveu uma espécie de aplicativo para armazenar os dados e gerar relatórios de gestão. “Nós, da equipe de telemetria, construímos um protótipo para extrair informações dos veículos elétricos e ter subsídios. Tanto a questão de desgaste, consumo e autonomia. Criamos um back-end, que é um serviço base para fazer coleta dos dados e armazenar em bancos de dados. Uma vez armazenados em bancos de dados, a gente pode construir APIs para que esses dados possam ser consumidos pelo Governo do Estado e outras instituições, caso haja necessidade”, ressaltou o coordenador do projeto, Reginaldo Nunes.
O projeto também resultou na criação e melhoria da infraestrutura de vários laboratórios da Ufes e do Ifes na área de mobilidade elétrica, além da melhoria da infraestrutura de carregamento de veículos elétricos com os eletropostos; a publicação de mais de dez artigos e trabalhos em congressos, e a produção de 27 trabalhos técnicos, quatro softwares e três produtos. Também foi realizada a orientação de duas teses de doutorado, seis dissertações de mestrado, uma monografia de graduação, quatro trabalhos de conclusão de curso e uma extensão universitária.
Acesse o livro na íntegra para conhecer mais sobre o projeto: clique aqui
Texto: Samantha Nepomuceno
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