13/08/2025 16h02 - Atualizado em 13/08/2025 16h03

Pesquisa apoiada pela Fapes faz descoberta importante para cardiologia e é premiada pela SBC-ES

Foto Divulgação: Freepik

Projeto recebeu recurso total de, aproximadamente, R$ 700 mil reais.

Um estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), por meio do edital 19/2022 – Apoio a Núcleos Capixabas de Excelência em Pesquisa, foi premiado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia do Espírito Santo (SBC-ES), durante o congresso estadual da instituição realizado no início de agosto, em Santa Teresa. O projeto, que descobriu que o antioxidante mitoquinona melhora a disfunção cardíaca que ocorre depois do infarto, conquistou o primeiro lugar da categoria "Prêmio Cardiologista Investigador".

O trabalho intitulado "O antioxidante mitocondrial Mitoquinona previne a disfunção contrátil cardíaca na fase aguda pós-IAM em modelo experimental", é uma tese de doutorado da pesquisadora Carolina Ximenes, coordenado pela professora Ivanita Stefanon, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A pesquisa foi realizada em colaboração com uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), liderados pela professora Silvia Guatimosim e pelo Dr. Eduardo Hertel Ribeiro.

"Foi uma honra muito significativa para toda a equipe. Sabíamos da relevância dos dados que apresentamos, baseados em uma pesquisa rigorosa sobre o papel do antioxidante mitocondrial mitoquinona na prevenção da disfunção contrátil cardíaca pós-infarto, que é um tema de grande importância na cardiologia experimental. No entanto, também tínhamos consciência de que estávamos competindo com muitos outros trabalhos de alta qualidade. Por isso, o reconhecimento foi uma surpresa muito positiva, uma confirmação do impacto potencial e da inovação da nossa pesquisa”, afirmou a coordenadora do projeto, Ivanita Stefanon.

“Esse momento foi especial porque reforça o valor do nosso trabalho no contexto científico e nos motiva a continuar avançando no entendimento das disfunções cardíacas e no desenvolvimento de possíveis intervenções terapêuticas", completou a docente.

Desenvolvimento da pesquisa

De acordo com Ivanita Stefanon, o projeto teve como foco estudar o que acontece com a função cardíaca e vascular após o infarto do miocárdio. Para isso, o grupo adotou uma linha de trabalho com testes em animais, que vem gerando resultados importantes.

"A gente sabe que, depois do infarto, o tecido remanescente, ou seja, o que sobrevive ao infarto no coração, ele diminui a função cardíaca, reduz a contratilidade. Então, a gente trabalha com ratos que sofrem esse infarto, provocados por nós cirurgicamente, e o trata com uma molécula relativamente nova que vai lá na mitocôndria e mexe no metabolismo do miocárdio que sobrevive ao infarto. E o que nós como equipe achamos é que esse antioxidante, a mitoquinona, melhorou a disfunção cardíaca que ocorre depois do infarto. Ele impediu que ocorresse essa disfunção cardíaca, que é um dado muito relevante", explicou.

"O tratamento com essa molécula, que chama mitoquinona, diminui o estresse oxidativo. Ou seja, ela preserva a função do tecido cardíaco que sobrevive ao infarto, que normalmente perde essa função depois do infarto. O tecido que infarta morre, obviamente, mas o tecido que sobrevive também tem uma disfunção. Com esse tratamento, foi mostrado que essa função foi preservada", detalhou Ivanita Stefanon.

A coordenadora da pesquisa também fez questão de exaltar uma parceria que foi fundamental para a descoberta. "Importante destacar que esse trabalho só foi possível graças à colaboração internacional com o Dr. Mike Murphy, da University of Cambridge, que detém a patente da molécula mitoquinona. Essa parceria foi essencial para o acesso à substância e para o desenvolvimento dos experimentos que fundamentaram nossa pesquisa", enalteceu.

De olho no edital Universal

O próximo passo do projeto já está traçado. Ivanita Stefanon conta que o grupo inscreveu proposta no edital Universal da Fapes, lançado em junho, com o intuito de seguir desenvolvendo a pesquisa. Ela explica como isso será feito, caso sejam contemplados com o financiamento.

"Vamos fazer o tratamento desses animais com a mitoquinona e esperar alguns dias para verificar o que acontece com a função cardíaca após a interrupção do tratamento. Se interromper a função cardíaca que já tinha melhorado, ela vai continuar boa ou volta a piorar? Essa é uma pergunta que queremos responder", pontuou.

"A segunda questão é: nós vamos comparar esses animais que receberam o medicamento e que melhoraram a função cardíaca, com um que não recebeu e sobreviveu, para saber se a sobrevivência desse animal é diferente. Nós vamos acompanhar durante um mês, um grupo de animais infartados que não vai receber o medicamento. Os que sobreviverem, nós vamos verificar quanto tempo eles sobrevivem. E os animais que vão receber o medicamento, a gente também vai avaliar quanto tempo eles sobrevivem. Então, a gente vai fazer uma curva de sobrevivência", explicou Ivanita Stefanon.

De acordo com a coordenadora do projeto, o principal agora é avaliar como se dá o fim dos testes. "O desfecho desse animal que teve uma melhora na função cardíaca vai ser melhor? Ele vai sobreviver mais? Esse é o próximo passo que a gente submeteu para o Edital Universal", frisou.

Fomento da Fapes é exaltado

Contemplada em alguns editais da Fapes ao longo de sua trajetória, Ivanita Stefanon não poupou elogios à Fundação na hora de falar sobre apoio financeiro ao ecossistema científico capixaba.

"O fomento da Fapes tem sido essencial para o desenvolvimento do nosso projeto e de muitos outros no Espírito Santo. Graças a esse apoio, nossas pesquisas na Ufes se equiparam em qualidade às realizadas em grandes centros nacionais e internacionais. O investimento da Fundação fortalece não só pesquisadores experientes, seniors, mas também estudantes e jovens cientistas, criando um ambiente de excelência, inovação e formação contínua. Sem dúvida, a atuação da Fapes é um diferencial que impulsiona a ciência capixaba rumo ao reconhecimento global", exaltou.


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