04/12/2023 16h12 - Atualizado em 04/12/2023 16h30

Alunos do norte do Estado apresentam em São Mateus projetos científicos desenvolvidos com apoio da Fapes

A mostra científica do Edital PIC Jr. 2023 aconteceu na Ufes e contou com apresentação de 35 projetos.


Os alunos da rede pública de ensino da região norte do Espírito Santo apresentaram, na última sexta-feira (1º), os resultados obtidos com os projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação desenvolvidos dentro do Edital 22/2022 PIC Jr. – Projeto de Iniciação Científica Júnior. A mostra aconteceu na quadra poliesportiva da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em São Mateus. Todos os projetos foram expostos para análise dos avaliadores e visitação pública.

Os 35 projetos apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) são estudos realizados por pesquisadores vinculados a instituições de ensino e pesquisa, em parceria com escolas públicas capixabas da Educação Básica.

Cada projeto teve que ser concluído no prazo de dez meses e contou com a participação de até cinco estudantes, que receberam, individualmente, uma bolsa de iniciação científica júnior no valor mensal de R$300. O desenvolvimento dos projetos contou com um pesquisador, que foi o coordenador do estudo, e um professor da escola, que atuou como tutor na pesquisa. Ambos receberam bolsa da Fapes no valor total de R$ 10 mil e R$ 7 mil, respectivamente.


O diretor técnico-científico da Fapes, Celso Saibel, participou do evento em São Mateus e ficou entusiasmado com os projetos desenvolvidos. “Os trabalhos foram bastante interessantes e notamos cada vez mais a dedicação real dos professores, dos tutores e dos alunos nos projetos de pesquisa. Analisamos que o quanto antes a Fapes começa a fomentar pesquisa, ciência, inovação nesses jovens, mais fácil temos bons pesquisadores, cientistas e bons seres humanos”, salientou.

Segundo Celso Saibel, o nível dos projetos apresentados em São Mateus demonstra também o comprometimento da própria Fapes com esta juventude. “O PIC Jr. é uma ação interessante para a interiorização da pesquisa, com o envolvimento da academia e das instituições da rede pública de ensino, com alunos de diversas faixas etárias e sempre trabalhando com temas bastante atuais. Possivelmente, vão fazer com que esses meninos tenham um super interesse nessas áreas no futuro”, declarou.


Os projetos foram avaliados pelos doutores Ronaldo Ruy de Oliveira Filho, Izabela Ferreira Ribeiro e Adriel Lima Nascimento. O engenheiro agrônomo e doutor em genética e melhoramento de plantas, Adriel Lima Nascimento, analisou os trabalhos: “É muito proveitoso participar de um evento dessa magnitude com projetos bem diversificados. Vi a participação de crianças do Ensino Fundamental ao Ensino Médio totalmente motivados a aprender e a desenvolver. Alunos que estão terminando o Ensino Médio e que vão agregar o PIC Júnior como a porta de entrada para definir a sua formação superior. Eles já têm focos direcionados sobre a formação superior que querem, tendo como base a experiência no Pic Jr.”, opinou Adriel Nascimento.

Conheça alguns projetos expostos na mostra científica:

Química sustentável

Um dos mais interessantes produtos apresentados na exposição do PICJr. pode ser uma grande novidade para a indústria moveleira. O princípio de usar plásticos de garrafas PET e de Compact Disc (CD) na geração de espumas sólidas é o ponto central do projeto sobre a abordagem química e sustentável, numa síntese e a caracterização de poliuretanos e os seus compósitos com serragem. O responsável pelo projeto tecnológico, o professor David Passinhas, enalteceu os resultados e vislumbra um amplo uso na sustentabilidade das indústrias: “As nossas espumas que foram geradas são muito rígidas e podem ser usadas no ramo da construção civil, no ramo da indústria moveleira, no lugar de MDF, porque elas ficaram bem parecidas com o MDF, com a vantagem de serem menos pesadas e mais resistentes, então podem facilmente serem usadas nesses ramos”, definiu David Passinhas.

Saborosas geléias

A professora da Ufes Gracielle Ferreira Andrade não esconde o brilho nos olhos ao falar do projeto que desenvolveu com os alunos da Escola Estadual UALAS de Guiriri e que resultou em saborosas geleias, a partir da extração de apectina dos resíduos de laranja. Na mesa de degustação montada na área de apresentação, foi possível saborear as geleias de morango, abacaxi e maracujá. A coordenadora do projeto destacou a dedicação dos alunos.

“Nós conseguimos fazer a parte científica, que é trazer os alunos para o laboratório e fazer com eles a extração de uma pectina de um resíduo que estava sendo jogado disperso em São Mateus. Ao coletar esses resíduos, é feito um tratamento de higiene e o resíduo transformado em pectina é essencial para dar o ponto da geleia. O ponto dessa geleia favorece também a ter um produto sustentável e um produto mais gostoso”, explicou Gracielle Andrade.

Para a professora, o maior ganho do trabalho são os alunos do Ensino Médio, que não tinham esperança de ir para uma universidade, e, ao terem contato com a instituição, querem fazer um curso superior e desejam desenvolver produtos. “Eles querem empreender porque tiveram toda uma parte de Matemática com a tutora a professora Fernanda Dao Alas, com desenvolvimento do cálculo, desenvolvimento de como o produto iria chegar no mercado, qual o preço de mercado e quanto que o nosso produto vale. Então, acho que todo esse processo em empreendedorismo foi uma das fontes muito válida, além da parte do impacto ambiental”, enalteceu Gracielli Andrade.

O resultado do trabalho dos alunos pode ser visto na página do projeto no Instagram, desenvolvida por eles para mostrar as geleias e a marca criada. Veja aqui.

Primeiros-socorros nas escolas

Em parceria com a Ufes – São Mateus, foi desenvolvido na Escola Municipal Vereador Laurino Samaritano, no bairro de Itaurânia, o projeto sobre primeiros-socorros nas escolas. Baseado na Lei Lucas, que obriga todas as escolas públicas e privadas a serem capacitadas a capacitar os seus funcionários para atender numa situação de emergência a prestar os primeiros-socorros.

O tutor do projeto professor Gustavo Bernardo Pinheiro analisou os resultados alcançados e a conscientização dos envolvidos. “Nosso objetivo era abordar o tema e capacitar os funcionários da escola e analiso como muito boa. Percebemos que muitas pessoas não tinham conhecimento básico. Além do conteúdo de primeiros-socorros, a pesquisa, escrita e leitura foi uma parte que eles desenvolveram muito bem e gostaram, somando ainda a parte importante do projeto de tentar salvar vidas com as simples atitudes no dia a dia”, pontuou o professor.

Na onda do Streaming

“Conhecendo o mundo da tecnologia e seus benefícios na plataforma streaming”, foi o projeto que alunos da Escola Wallace Castello Dutra, de São Mateus, apresentaram dentro do PIC Jr. A montagem de um estúdio de tv com cenário, iluminação, microfones e câmeras chamou a atenção de quem prestigiou a exposição de projetos. A jovem aluna Isis Paiva, da 2ª série do Ensino Médio, demonstrou empolgação com o aprendizado obtido no projeto Se Liga no Streaming, que ela classificou com experiência de vida.

“O projeto foi um grande esclarecedor na minha vida. Aprendi como manusear equipamentos do audiovisual, como me comunicar melhor, a organização e o trabalho em equipe e, principalmente, durante a gravação dos programas, aprendi muito sobre ciência. Consegui criar uma ponte com a ciência e, atualmente, não a vejo como coisa do outro mundo e muito distante. Ela está aqui, está pertinho de mim, é mais fácil entender e como pessoa tive trocas incríveis”, destacou a aluna Isis Paiva.

Perguntada se iria ser uma “influencer” após o aprendizado do projeto, ela surpreendeu: “Por incrível que pareça, esse projeto me incentivou tanto que já comecei: eu sou autora e, a partir do projeto, tive coragem de publicar as minhas poesias. Fiz uma participação em um livro e quero seguir nesse caminho. O livro se chama Sarau Brasil 2023 e se encontra no site da Vivara Editora Nacional”, acrescentou Isis Paiva.

Explorando o corpo humano

Uma das apresentações foi o projeto “Explorando o corpo humano e as novas tecnologias de ensino-aprendizado na era da Covid-19”, desenvolvido em parceria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus São Mateus com a Escola. Os alunos passaram por uma maratona de atividades no Laboratório de Anatomia Humana. No total, foram 23 visitas realizadas para nivelamento e treinamento até a fase em que começaram a desenvolver de fato o projeto. A coordenadora do projeto, a professora Roberta Paresqui, falou sobre o desenvolvimento das atividades.

“Depois desse nivelamento, eles receberam as escolas da região no laboratório. Nós tivemos, aproximadamente, 300 visitantes e eles ensinaram para as escolas e os professores da região o que aprenderam. Nas visitas, mostraram um laboratório, simularam aulas práticas de anatomia humana e as crianças então puderam vivenciar um pouquinho, se projetar como que eles seriam na universidade, vislumbrando o curso de anatomia, enfermagem que a gente oferece aqui no Ifes. Além disso os alunos participaram da Feira de Ciências e Inovação Capixaba, conquistando segundo e terceiros lugares”, ressaltou Roberta Paresqui.

Futuro dos cultivos ornamentais e horticultura

Alunos do Centro de Integração Rural (CIR) da cidade de Boa Esperança, coordenados pelo professor da Ufes Antelmo Ralph Falqueto, trabalharam de olho no futuro dos cultivos ornamentais e horticultura no norte do Espírito Santo. Os alunos conseguiram fazer associações, inclusive com os recentes eventos climáticos de altas temperaturas na região. No decorrer do desenvolvimento de um experimento com plantas, os dias de altas temperaturas resultaram em morte de plantas que faziam parte do experimento. O inesperado foi transformado em aprendizado. Os alunos aprenderam as difíceis técnicas de análise de fisiologia e anatomia de plantas, conforme explicou o professor Antelmo Falqueto.

“São técnicas demoradas, de corte do tecido vegetal, uso de corantes, todo o trabalho que é feito com esse material, além da obtenção das fotografias e das medidas que são feitas nesses tecidos. Eles aprenderam em relação à atividade fotossintética daquelas plantas. No começo, eles se assustaram com a perda, a morte das plantas, mas depois que a gente contextualizou, eles viram a importância do cuidado com o ambiente. As ondas de calor sempre existiram, mas não com essa intensidade em termos de duração, então a gente não pode ignorar o tema mudanças climáticas. Dos cinco alunos, três já têm intenção de vir para a Ufes cursar agronomia e ciências biológicas”, complementou Antelmo Falqueto.

Lista de todos os projetos apresentados em São Mateus do programa PIC Jr.:

ORD.

Nome Coordenador

Título do Projeto

1

Adriana Nunes Moraes Partelli

Protagonismo de alunos de Iniciação Científica Júnior para a promoção da saúde integral de adolescentes. 

2

Ailton Pereira Morila

Se liga no streaming: produção e transmissão de vídeos educativos na escola

3

Alan Afif Helal

Análise do risco de fogo por meio do índice potencial de fogo nas regiões sudeste e nordeste

4

Alexandre Luiz Polizel

Sexualidades Educações e Narrativas: histórias de vida de estudantes LGBTQIA+ nos contam os currículos da educação profissional e tecnológica

5

Aloísio José Bueno Cotta

Educação ambiental no combate à problemas do cotidiano

6

Ana Paula Costa Velten

Intervenção e manejo de ansiedade no ambiente escolar

7

Ana Paula Oliveira Costa

Uso da Problematização Como Ferramenta Pedagógica para Estabelecer um Diálogo entre Realidade e as Teorias Científicas em Química - Explicando os Conceitos da Química

8

André Luíz Alves

Construção de um Braço Robótico para a Contextualização da Tecnologia da Eletrônica no Ensino Médio

9

Andréia Soprani dos Santos

Análise da insegurança alimentar nas famílias dos escolares de ensino médio

10

Anne Caroline Barbosa Cerqueira Vieira

Prevalência de insegurança alimentar domiciliar em uma comunidade escolar pública em São Mateus-ES

11

Antelmo Ralph Falqueto

Passado presente e perspectivas ecofisiológicas para o futuro dos cultivos ornamentais e horticultura no Norte do Espírito Santo

12

Arthur Monteiro Filho

Desenvolvimento de protótipos de minifoguetes como ferramenta de integração e interdisciplinaridade

13

Breno Nonato de Melo

Sintes e caracterização de poliuretanos e seus compósitos de serragem utilizando PET (politereftalato de etileno) e PC (policarbonato) reciclados quimicamente? Uma abordagem para a sustentabilidade

14

Carla da Silva Meireles

Produção de membranas filtrantes para purificação de água a partir de resíduos agroindustriais e urbanos

15

Caroline Tedesco Santos Passos

Escrita científica

16

Edney Leandro da Vitória

Utilização de imagens de aeronave remotamente pilotada na avaliação da qualidade de conservação de restinga do balneário de Guriri São Mateus-ES

17

Faiçal Gazel

Gestão de Resíduos Sólidos no Instituto Federal do Espírito Santo campus Linhares

18

Franklin Noel dos Santos

Exposições Didáticas Zoológicas como Ferramentas de Ensino e Divulgação Científica a partir do Trabalho Interinstitucional entre Ifes e Ufes

19

George Ricardo Santana Andrade

Aproveitamento de resíduos agrícolas para a dessalinização solar

20

Giovane Lopes Ferri

Nossa impressora 3D: educação construtivista na prática.

21

Gracielle Ferreira Andrade

Desenvolvimento da aptidão dos estudantes da rede estadual do município de São Mateus para a produção de geleia a partir da pectina extraída do resíduo da laranja.

22

Heletícia Scabelo Galavote

Vacina e educa: ações de educação em saúde na escola

23

Josete Pertel

Minha Escola Mais Verde: Contribuições da Educação ambiental

24

Juliano Manvailer Martins

Prevalência do uso de psicofármacos por estudantes do ensino médio das escolas públicas em um município no norte do Espírito Santo

25

Karina Carvalho Mancini

Analogia Célula-Fábrica na Alfabetização Científica

26

Leticia Molino Guidoni

Primeiros socorros nas escolas: Como lidar com emergências

27

Letícya dos Santos Almeida Negri

Informar para Notificar: Articulação da Rede e Ensino Fundamental de São Mateus para o enfrentamento das Violências.

28

Rafaela Lirio Sotero

De olho na mancha: da arte à construção do saber na saúde a conscientização da hanseníase em escolares

29

Roberta Paresque

Explorando o corpo humano e as novas tecnologias de ensino-aprendizagem na era covid-19

30

Ronilda Lana Aguiar

Potencial acaricida de extratos enzimáticos no controle do ácaro vermelho das palmeiras

31

Sarah Ola Moreira

Germinação de sementes e produção de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica do Norte Capixaba

32

Thomaz Rodrigues Botelho

Software para a prevenção de lesão por pressão no hospital Roberto Silvares em São Mateus

33

Vivian Chagas da Silveira

Adsorção de metais pesados em resíduos agroindustriais modificados com ácido cítrico

35

Wellington Gonçalves

Impactos da pandemia e pós-pandemia da COVID-19 no ensino e aprendizagem: um olhar da escola pública por meio do AHP

35

Wena Dantas Marcarini

Insuficiência Alimentar em Alunos de uma Escola de Ensino Fundamental e Médio

 

 Texto: Jair Oliveira


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