04/03/2016 10h31 - Atualizado em 04/03/2016 10h49

Pesquisadores descobrem novas espécies de plantas no Sul do Espírito Santo

O remanescente da mata atlântica é um bioma extremamente importante, e ainda surpreende muita gente, especialmente a partir dos últimos anos, quando se intensificaram as pesquisas apoiadas pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapes), vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti), que possibilitaram a descrição de espécies novas.

O Sul do Espírito Santo tem se destacado na área de ecologia e conservação da natureza, especialmente com os trabalhos do Núcleo de Pesquisa Científica e Tecnológica em Meio Ambiente, Silvicultura e Ecologia (Nupemase), ligado à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Alunos e professores desse núcleo têm realizado atividades acadêmicas em vegetações inseridas em locais determinados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) como prioritários para conservação biológica, como: a Floresta Nacional de Pacotuba; a Reserva Particular do Patrimônio Natural de Cafundó; o Parque Nacional do Caparaó, Pedra dos Pontões e Serra do Valentim.  

Foi na Serra do Valentim, um complexo de montanhas localizado entre os municípios de Iúna, Muniz Freire e Ibatiba, que a equipe coordenada pelo pesquisador do Nupemase, João Paulo Fernandes Zorzanelli, coletou materiais botânicos de dois espécimes que chamaram a atenção. Um deles, conta João Paulo, realmente se tratava de uma nova espécie, considerada endêmica da localidade, nomeada no início de 2015, Miconia valentinensis (figura 1), em homenagem à Serra do Valentim. Todo esse trabalho contou com a colaboração e grande interesse do pesquisador Renato Goldenberg, referência nacional em estudos botânicos, e foi publicado no periódico Phytotaxa.

Figura 1- Miconia valentinensis no ápice de sua floração.

Outro material da Serra do Valentim que intrigou a equipe do Nupemase foi a espécie nova, recentemente publicada, chamada Freziera atlantica (Figura 2). Seu nome homenageia a primeira ocorrência do gênero Freziera para a mata atlântica. Entretanto, a história dessa planta remonta a uma postagem no grupo detweb na rede social Facebook. Após verificar as fotografias, o costa-riquenho Daniel Aguilar, atualmente filiado à Universidade de Harvard, sugeriu o gênero Freziera. Este foi o marco inicial de toda uma pesquisa envolvendo o espécime que reuniu também pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O material, então, foi descrito e publicado na Systematic Botany.

  

Figura 2- Freziera atlantica: indivíduo em área disturbada (a); amostra herborizada (b); frutos maduros e imaturos (c); e ambiente natural de ocorrência (d).


Para o pesquisador do Nupemase, João Paulo Fernandes Zorzanelli, esses achados são de grande importância. “Essas novas espécies descritas, aliadas ao conjunto de espécies ameaçadas de extinção, novos registros para o Espírito Santo e a qualidade e quantidade da diversidade florística encontradas ao longo da Serra do Valentim demonstram que áreas pouco conhecidas do ponto de vista florístico podem resguardar incrível diversidade de espécies de plantas, e os diversos estudos não devem negligenciar essas localidades, pois são igualmente interessantes às propostas de políticas públicas para conservação”, afirmou. O pesquisador João Paulo conta que outras novas espécies da Serra do Valentim, além de localidades diferentes do Sul do Espírito Santo, estão em processo de descrição e, em breve, serão publicadas.

 

Sobre o Nupemase

 

O Nupemase é um núcleo de pesquisa científica e tecnológica que tem como principal objetivo realizar e difundir pesquisas sobre as florestas brasileiras, nativas e/ou plantadas. Neste núcleo, um importante grupo de discentes e docentes desenvolvem as mais diversas atividades sobre temas referentes ao meio ambiente, silvicultura, ecologia e diversidade genética. Deste modo, o Núcleo busca a interação com outros pesquisadores e instituições para que mais conhecimento sobre as nossas florestas sejam gerados e transmitidos à sociedade.

 

O Núcleo recebe apoio da Fapes em diversas linhas de ação, como o Programa de Fixação de Mestres e Doutores (Profix), em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que teve aporte de recursos de mais de R$ 22,5 milhões. Por meio do edital do Profix, foram contratados 118 projetos oriundos de instituições da Grande Vitória e regiões Norte e Sul do Estado.

 

De acordo com o diretor presidente da Fapes, José Antonio Bof Buffon, o Profix tem o objetivo de atrair e fixar doutores no Espirito Santo, visando ao fortalecimento de programas de pós-graduação e o “desenvolvimento científico e tecnológico, alavancando setores considerados de importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social do Estado”, afirmou.

 

Serviço:

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