Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) publicou recentemente um artigo científico em uma das mais renomadas revistas científica do mundo: a Plos Neglected Tropical Diseases. Com o título “Diseases Neglected by the Media in Espírito Santo, Brazil in 2011–2012”, o material está disponível desde o dia 26 de abril na página oficial da revista. O artigo trata de doenças midiaticamente negligenciadas pela imprensa do Estado.
Entre os autores estão os pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Ufes (PPGSC/Ufes), Aline Guio Cavaca, Tatiana Breder Emerich, Edson Theodoro dos Santos-Neto, Adauto Emmerich Oliveira e Paulo Vasconcellos-Silva, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ESNP/Fiocruz). O artigo apresenta os resultados da pesquisa “Doenças Midiaticamente Negligenciadas”: cobertura e invisibilidade de temas sobre saúde na mídia impressa do Espírito Santo, realizado no âmbito do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS-FAPES).
As Doenças Midiaticamente Negligenciadas (DNMs) são aquelas que apresentam pouca ou nenhuma visibilidade midiática frente à sua relevância social e epidemiológica. No estudo, as doenças negligenciadas pela mídia foram identificadas por meio da comparação entre os problemas de saúde mais importantes para a população do Espírito Santo, do ponto de vista epidemiológico (valor-saúde) e a cobertura pela mídia impressa. Além disso, foram ouvidos os principais jornalistas envolvidos na divulgação de temas de saúde nos meios de comunicação do estado.
As patologias relacionadas à pobreza, como a tuberculose, a hanseníase, a esquistossomose, a leishmaniose e o tracoma, conforme mostra o artigo, foram identificadas como as principais DMNs. As doenças que apresentaram surtos no período, como a coqueluche e a meningite, algumas neoplasias, afecções respiratórias, doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, também se mostraram pouco abordadas pelos jornais impressos estudados. Por outro lado, dengue, AIDS, diabetes, neoplasias de mama, próstata, traqueia, brônquios e pulmões apresentaram uma ampla cobertura no período, reafirmando a tradição da evidenciação midiática dessas doenças.
Os autores chamam a atenção para negligência midiática e suas razões. A visibilidade midiática atua como dispositivo de legitimação de prioridades e de contextualização das diversas realidades. Enquanto, os interesses político-econômicos hegemônicos dos jornais, a sua linha editorial e a rotina organizacional das redações, estão dentre as pricipais razões para a negligência midiática.
O estudo destaca a extrema importância que os distintos problemas de saúde identificados entrem na agenda pública e passem a ser reconhecidos como demandas legítimas. “A cobertura da mídia deve minimamente promover o debate público sobre temas de interesse, supondo que o direito à informação é inseparável do direito à saúde, e ainda deve garantir o fornecimento de informações para aumentar a participação pública na construção da consciência crítica de saúde e estimular a participação social na gestão dos sistemas de saúde pública”, afirmou Aline Cavaca, primeira autora do artigo.
A revista especializada Plos Neglected Tropical Diseases publica pesquisas dedicadas à patologia, epidemiologia, prevenção, tratamento e controle das doenças tropicais negligenciadas (DTN), bem como políticas públicas relevantes para este grupo de doenças.
Para ler o artigo na íntegra, acesse:
http://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0004662
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