Em quatro dias de evento, pesquisadores mostraram os resultados de 36 estudos realizados.
Os resultados alcançados por 36 pesquisas desenvolvidas desde 2017 no Espírito Santo, pelo Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem), foram conhecidos em evento organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Durante os dias 09, 10, 16 e 17 de maio, aconteceu, em formato híbrido, o Seminário de Avaliação Final dos Editais CNPq/Fapes nº 5/2017 e nº 23/2018.
A abertura do seminário foi no auditório do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), localizado no município de Jerônimo Monteiro, e contou com a participação do diretor Técnico-Científico da Fapes, Celso Saibel; do diretor de Inovação Tecnológica da Ufes, Dr. Anilton Salles Garcia; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade de Vila Velha (UVV), Dr. Alessandro Coutinho; e do diretor Acadêmico da Fucape Business School, Dr. Emerson Wagner Mainardes.
O diretor Técnico-Científico da Fapes, Celso Saibel, enalteceu a qualidade de cada trabalho desenvolvido e a importância dos resultados alcançados, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fapes, por meio do Pronem. “Os resultados demonstraram a pujança dos trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores das instituições capixabas, mesmo durante a pandemia da Covid-19. Os avaliadores externos, todos pesquisadores com bolsa de produtividade do CNPq, ressaltaram a qualidade e o impacto das ações dos grupos de pesquisa que participaram dos quatro dias de seminário”, frisou o diretor.
O representante do CNPq, Dr. Igor Cavalcante, agradeceu a parceria com a Fapes e destacou que os resultados têm sido excelentes e foram inspiradores para que os pesquisadores promovam seus núcleos emergentes. Na oportunidade, foi anunciando que o CNPq está articulando novos recursos para promover mais um Pronem, que poderá ser lançado ainda este ano e no mais tardar em 2024.
A banca de avaliadores foi composta por mestres e doutores referências em todo o País: Dr. Sergio Ruffo Roberto, da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Pesquisador de Produtividade em Pesquisa do CNPq; Dr. Alexandre Pio Viana, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF); Dr. Demétrio Antônio da Silva Filho, da Universidade de Brasília (UnB); Dr. Pedro Dal Lago, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Dr. Gilberto Fillmann, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Dr. Eduardo Simões, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Dr. Juan Manuel Pardal, da Universidade Federal Fluminense (UFF); Anamélia Lorenzetti Bocca, da Universidade de Brasília (UnB); Daniel Lazaro Gallindo Borges, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e Ruy Kenji Papa de Kikuchi, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem)
O CNPq instituiu o Pronem para apoiar grupos emergentes de pesquisa, já estabelecidos, ou em fase de implantação, cujo núcleo deveria ser constituído por pelo menos três pesquisadores com linha de pesquisa comum ou complementar e reputação técnico-científica reconhecida, preferencialmente, de pelo menos duas instituições distintas, que tivessem histórico de colaboração, por meio de projetos, publicações e orientações comuns.
A finalidade dos editais foi de fomentar os Núcleos Emergentes do Espírito Santo, por meio do apoio a projetos de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação (PD&I), coordenados, exclusivamente, por pesquisadores bolsistas de produtividade nível 2 do CNPq (PQ ou DT), visando a contribuir para o fortalecimento e a consolidação de grupos de pesquisa sediados em instituição do Estado, em temas prioritários nas áreas de Biotecnologia, Energias Renováveis, Novos Materiais, Saúde, Educação, Robótica e Automação, e Tecnologia da Informação.
Os pesquisadores pertencentes ao Núcleo são especialistas em sua área de conhecimento, com experiência na coordenação de pesquisas financiadas por agências Estaduais ou Federais. O Núcleo foi formado por, pelo menos, dois pesquisadores de produtividade Nível 2 do CNPq ou equivalente e organizado para desenvolver projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, que pudessem contribuir significativamente para o avanço e difusão do conhecimento.
Nos editais 05/2017 e 23/2018 do Pronem, foram investidos mais de R$ 6 milhões, sendo 50% da Fapes e 50% do CNPq. Os 36 projetos apresentados no seminário foram distribuídos pelas seguintes instituições executoras:
As áreas de estudos foram Saúde, Engenharias, Exatas e da Terra, Biológicas, Agrárias e Sociais Aplicadas.
Projeto premiado
O Núcleo Emergente em Redes Definidas por Software (NERDS) da Ufes Vitória se dedicou à investigação dos processos de programabilidade e de virtualização das redes, assim como aos aspectos de seu monitoramento. Como resultado do impacto para a sociedade, desenvolveu a iniciativa de rede virtual como um serviço e pôde, com essa mudança de paradigma, reduzir custo e tempo de instalação, assim como aumentar a flexibilidade.
Um exemplo de aplicação seria ajudar países em desenvolvimento a implantar ou até ampliar suas redes acadêmicas, como foi o caso do projeto RENaaS. Sendo uma proposta que nasceu do Pronem e financiado pela federação das redes acadêmicas da Europa (GEANT), o RENaaS possibilitou a criação de um protótipo de rede acadêmica em Cabo Verde, no oeste da África.
“O Pronem foi fundamental para alavancar esforços, formar parcerias e desenvolver a infraestrutura experimental de forma a trazer as pesquisas em redes de computadores no Espírito Santo aos níveis mundiais”, afirmou o coordenador do projeto, o professor Moisés Ribeiro.
As conquistas do projeto também foram destacadas pelo docente. “Além das diversas publicações científicas nacionais e internacionais, houve premiação pelo Google e Intel das propostas que desenvolvemos no NERDS. Acreditamos que são evidências de valor das soluções que desenvolvemos. Assim, houve também a criação da startup Vixphy que buscará, como missão, transformar em soluções as contribuições das nossas pesquisas neste Pronem”, pontuou.
Ciência Forense
O projeto intitulado “Imageamento por espectrometria de massas (MALDI Imaging) aplicado à ciência forense” teve como objetivo principal realizar estudos analíticos em matrizes forenses usando a técnica de imageamento químico por espectrometria de massas, que utiliza a fonte de ionização MALDI.
Entre as matrizes estudadas nesses anos, estavam as plantas Cannabis e Erythroxylum coca, mundialmente conhecidas principalmente devido aos seus produtos ilícitos derivados, maconha e cocaína, respectivamente; selos, designer drugs, documentos cruzamento de traços de tintas de canetas; impressões digitais latentes; planta Gliricidio sepium; e fios de cabelo.
Os estudos foram conduzidos com o objetivo de desenvolver método de análise, com as melhores condições/parâmetros experimentais, para posterior avaliação da distribuição espacial natural dos compostos de interesse nas superfícies intactas das matrizes mencionadas. Muitos resultados relevantes e colaborativos com o avanço dessa linha de pesquisa foram alcançados e disponibilizados no formato de publicações de artigos científicos, palestras e apresentações de trabalho, além da formação de recursos humanos qualificados.
O pesquisador Wanderson Romão, vinculado à Ufes, falou sobre o resultado alcançado. “O projeto vinculado ao Pronem-Fapes contribuiu direta e indiretamente na formação de 13 pesquisadores de diferentes níveis, mestrado, doutorado e pós-doutorado, além dos dez pesquisadores com projetos em andamento na linha de pesquisa forense e na publicação de mais de 20 artigos científicos”, explicou.
Vigor vegetativo dos cafeeiros
Um dos resultados em destaque no seminário foi a pesquisa do professor Samuel de Assis Silva da Ufes Alegre, que realizou o mapeamento da fertilidade do solo, do estado nutricional das plantas e da produtividade do cafeeiro, indicando que a variação destas características não é aleatória, mas segue um padrão regido pelo espaço e que permite a adoção de manejos localizados com mais precisão.
Monitoramento do vigor vegetativo dos cafeeiros utilizando sensores remotos aéreo e próximo, permitindo, de forma indireta, determinar parâmetros de planta que somente seriam realizados a partir de análises destrutivas, que oneram o sistema de produção, reduzem o lucro da cafeicultura e geram grande impacto ambiental por causa do uso massivo de reagentes químicos. Os modelos propostos na pesquisa retornaram ótimos resultados indicando a possibilidade de uso de drone para monitorar o estado nutricional das plantas e para, principalmente, mapear plantas submetidas a diferentes estresses, em especial os bióticos (pragas e doenças).
Os estudos permitiram compreender como o microterraço favorece a adoção de manejos mecanizados, mas, principalmente, a definição de como estes devem ser construídos para melhor se adequar aos modelos mecanizados atuais. Mais importante, os resultados oferecem dados e respostas para a indústria, visando ao desenvolvimento e construção de equipamentos destinados à cafeicultura em áreas microterraceadas:
O Coordenador da pesquisa Prof. Samuel Silva detalhou que os resultados são inovadoras e abordam tema igualmente novo. “O microterraceamento é uma prática nova, com grande potencial para aumento da competitividade da cafeicultura de montanha. Os impactos dos resultados da pesquisa são diretos para a sociedade, com respostas técnicas para melhor planejamento e construção dos microterraços, seleção de máquinas e implementos para o manejo das lavouras, sistemas semimecanizados alinhados com conceitos de sustentabilidade sem perder de vista a eficiência de derriça”, pontuou o coordenador Samuel Silva.
Ao concluir sua apresentação o professor foi enfático ao afirmar que adicionalmente as ferramentas de agricultura digital testadas, validadas e adaptadas colocam a cafeicultura capixaba na vanguarda do uso de tecnologia, inserindo o setor no caminho da agricultura do futuro, alicerçada no tripé sustentabilidade Ambiental, Social e Governança (ESG).
Confira como foi a programação do evento e todos os projetos apresentados:
1º Dia (09/05)
2º Dia (10/05)
3º Dia (16/05)
4º Dia (17/05)
Texto: Jair Oliveira
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