A grave crise que assola o setor de óleo e gás obriga as empresas a buscarem soluções inovadoras e outras oportunidades de fechar novos negócios, como explica o diretor da Mogai, Franco Machado. “Quando não tem a crise, os clientes fazem seus procedimentos da mesma forma que sempre fizeram. Quando a crise chega, para quem tem o perfil inovador, as oportunidades surgem”, afirmou.
Um dos mais recentes projetos da Mogai tem como pano de fundo esse cenário de redução de gastos. A empresa está desenvolvendo uma câmera submarina para a Petrobrás, que auxiliará a montagem de equipamentos no fundo do mar. “Atualmente, a Petrobrás usa submarinos para visualizar a montagem. Sendo que dessa forma, eles não conseguem ter noção de profundidade e de distância. O projeto da câmera submarina é interessante porque ajuda a reduzir gastos. O submarino usado atualmente é caro. São cerca de US$ 100 mil por dia”, acrescentou Machado.
A Mogai também vai usar a mesma tecnologia em outra demanda da Petrobrás, desta vez para monitorar dutos enterrados. A empresa vai acoplar o equipamento em drones para realizar o mapeamento destes ativos.
A empresa surgiu focando em quais segmentos?
A Mogai é uma empresa de desenvolvimento de softwares para a indústria pesada. A gente começou desenvolvendo projetos para a Vale, que tem uma atuação forte aqui no Espírito Santo, onde nossa empresa surgiu. Começamos também a trabalhar com a ArcelorMittal, na unidade de Tubarão. Passamos também a atuar no setor de energia e depois no de celulose.
E como começou a atuação no setor de óleo e gás?
Nesse meio tempo, a gente ganhou um contrato da Petrobrás para desenvolver softwares. Eles passavam a demanda e a gente ia fazendo. Esse é o tipo de serviço que você desenvolve um produto para não colocar na “prateleira”. Para nossa empresa, esse tipo de negócio é até bom, porque é um projeto importante. Mas você acaba ficando dependente de um cliente só. É sempre bom ter um produto para colocar na prateleira, para vender em larga escala. E é isso que nós estamos buscando desenvolver nos últimos anos.
Quais os produtos que a Mogai oferece para este mercado?
A Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) abriram editais de pesquisa e desenvolvimento. Então, nós desenvolvemos um equipamento e um software que, a princípio, foi usado para medir volume de pilhas de minério. O equipamento tem duas câmeras, criando aquilo que chamamos de imagens “estéreo”. A partir daí, fazemos uma reconstrução da imagem da pilha de minério em 3D, para calcular o volume de material.
A Petrobrás veio com a demanda para receber auxílio na montagem de equipamentos no fundo do mar. Atualmente, eles usam submarinos para visualizar a montagem. Sendo que dessa forma, eles não conseguem ter noção de profundidade e de distância. Então, nossa ideia foi usar a mesma tecnologia usada no setor de minério para aplicações submarinas.
Além do setor offshore, a empresa também desenvolve soluções onshore?
A Petrobrás também lançou uma demanda para criar uma solução que auxilie no monitoramento e acompanhamento de dutos. Quando o duto é enterrado, parte do trecho de terra é de responsabilidade da dona do duto. Ela não pode deixar crescer vegetação, por exemplo. Precisa ser feito um monitoramento periódico. Sendo que dá muito trabalho monitorar centenas de quilômetros. Então tivemos a ideia de aliar a tecnologia de câmeras com drones para fazer este monitoramento. Os primeiros testes já foram feitos.
Quando estas soluções devem ser finalizadas?
Estes projetos começaram há alguns meses e acredito que precisaremos de mais um ano de desenvolvimento para fazer isso funcionar. A expectativa é até o segundo semestre do ano que vem. O projeto da câmera submarina é interessante porque ajuda a reduzir gastos. O submarino usado atualmente é caro. São cerca de US$ 100 mil por dia.
Quais são as perspectivas da Mogai para o setor de óleo e gás?
O setor vai voltar a crescer. É um mercado muito importante. Eu vejo como interessante o que temos aí com a Lava Jato. A gente tinha, antes da operação, empresas sem tradição na área de produtos e as companhias de engenharia sérias não estavam tendo espaço. Isso agora vai mudar. Quem tem competência vai ganhar espaço.
Com o fim da operação única, teremos também mais empresas trabalhando. Não concordo com essa questão de dizer “o petróleo é nosso”. O petróleo só vale quando está dentro do navio. Ele ficar parado no pré-sal não nos ajuda em nada. Vamos esperar que a operação única acabe logo para que a gente possa desenvolver tecnologia.
De que forma a crise tem impactado os negócios da empresa?
A crise para empresas focadas em soluções é boa. Quando não tem a crise, os clientes fazem seus procedimentos da mesma forma que sempre fizeram. Quando a crise chega, para quem tem o perfil inovador, as oportunidades surgem. É aí que os clientes precisam mudar as formas de como fazem as coisas, passam a procurar coisas inovadoras.
Serviço:
Entrevista realizada em parceria com o site Petronotícias: www.petronoticias.com.br, Por Davi de Souza - davi@petronoticias.com.br.
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