30/08/2023 15h14 - Atualizado em 30/08/2023 15h16

Estudo apoiado pela Fapes aponta efeitos da obesidade nas crianças atendidas pelo SUS na Grande Vitória

Foto Divulgação: Freepik

Os dados revelaram que o número de crianças com excesso de peso e colesterol alto é grande.

Um estudo realizado na Região Metropolitana da Grande Vitória acende um alerta vermelho para a questão da saúde das crianças em relação ao excesso de peso e o nível de colesterol elevado. O levantamento de dados faz parte do projeto “Prevenção da Obesidade Infantil na Atenção Primária em Saúde: Um Ensaio Comunitário na Região Metropolitana de Vitória-ES (PrevOI)”.

O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), recebendo, aproximadamente, R$ 140 mil por meio do Edital nº 09/2020 – Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS). 

Durante dois anos, foram realizadas três coletas de dados e muitas atividades educativas. Nesse período, foram avaliados o estado nutricional, a atividade física, de lazer, o sedentarismo, sono, pressão arterial, autoconceito corporal, alimentação e os indicadores de ansiedade nas crianças. Os dados revelaram, que, na Grande Vitória, o número de crianças com excesso de peso e colesterol alto é grande, mas crianças com peso adequado também apresentaram valores acima do recomendado. 

Outros fatores importantes identificados foram a alta sensibilidade à ansiedade, pressão arterial alterada, elevado tempo no uso de celular e computador, e baixa participação das crianças em atividades físicas. A questão da alimentação das crianças também passou por análises criteriosas e mostrou que embutidos, achocolatado, biscoitos e refrescos açucarados são alguns alimentos mais consumidos pelas crianças. O estudo também analisou a saúde dos responsáveis pelas crianças, cuja média de idade é de 38 anos, e foram observados percentuais elevados de obesidade, hipertensão não controlada e diabetes. 

A coordenadora da pesquisa, professora Maria Del Carmen Bisi Molina, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), justificou a realização do estudo pelo impacto da obesidade refletir uma crescente e desafiadora demanda de assistência à saúde em diferentes níveis de complexidade. “Esse cenário mostra a importância de incorporar ações de promoção, focadas na prevenção da obesidade infantil, no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Pesquisas nacionais indicam que, em algumas regiões metropolitanas do Espírito Santo, aproximadamente 25% das crianças apresentam excesso de peso”, disse. 

No Atlas da Obesidade no Brasil, elaborado pelo Ministério da Saúde, o Espírito Santo ocupa a 16ª posição no ranking nacional, no que se refere à obesidade em crianças entre 5 e 9 anos; 21ª na faixa entre 2 e 4 anos; e a 19ª posição em crianças com menos de 2 anos. Na questão do excesso de peso, o Estado ocupa a 15ª posição na faixa etária entre 5 e 9 anos; e a 19ª colocação na idade entre 2 e 4 anos; e posição se repete na faixa menor de 2 anos. 

Desenvolvimento dos estudos 

O PrevOI foi iniciado em 2021, com a apresentação da proposta aos gestores e profissionais de saúde de todas as Unidades de Saúde da Família (USF) dos municípios de Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória. Aderiram ao projeto 26 unidades que ajudaram, por meio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e cartazes afixados nas USF, a cadastrar as famílias com crianças de 7 a 10 anos, totalizando 470 crianças e seus responsáveis na primeira fase de coleta de dados. 

As unidades de saúde realizaram exames bioquímicos das crianças. Seus pais também foram avaliados por meio de exames antropométricos e de pressão arterial. Após cada coleta de dados e análises, foram repassados os principais resultados para as famílias. 

A partir dos indicadores da pesquisa que mostraram a realidade das famílias envolvidas, foram promovidas oficinas e rodas de conversa com profissionais de saúde e práticas de atividade física. Por meio de grupos de mensagens, foi possível interagir com as famílias na divulgação de vídeos, fotos, materiais educativos, mensagens de promoção da saúde, entre outras. 

Maria Del Carmen Bisi Molina destaca os principais resultados já alcançados com o projeto. “A redução do percentual de crianças com peso adequado para a altura e o aumento do tempo de atividade física da primeira avaliação para a segunda, saindo de 29% para 75%. Houve também a redução de alimentos ultraprocessados como achocolatado, biscoito recheado e sucos adoçados,” contou a professora. 

A coordenadora do projeto também ressalta que o incentivo às práticas de atividade física e à alimentação saudável pode ter efeito muito positivo na saúde das crianças, e acredita na ampliação do projeto “PrevOI”, que é pioneiro e pode ser uma semente a ser plantada em todos os municípios do Espírito Santo. “Acredito muito na possibilidade de ampliar os estudos e trazer benefícios para a vida das nossas crianças”, completou Maria Del Carmen Bisi Molina. 

O diretor-presidente da Fapes, Denio Arantes, enalteceu o projeto como instrumento para ações na saúde pública. “Os resultados dos estudos feitos são alertas para a situação da obesidade infantil na Grande Vitória. Mais uma vez, a Fapes está presente em um projeto de tamanha importância para a saúde pública. Os dados apurados possibilitam a ampliação dos estudos, que servirão para o Estado e os municípios implantarem, na rede de saúde primária, programas que ofereçam qualidade de vida para as crianças e, de certa forma, para suas famílias”, destacou Denio Arantes. 

Obesidade no Brasil 

A obesidade infantil é um problema mundial de saúde pública a ser superado. Dados nacionais mostram que três a cada dez crianças, de 5 a 9 anos, estão acima do peso no País. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil estará na 5ª posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito. 

Tendo em vista que os profissionais de saúde são atores fundamentais para que o País consiga reduzir os índices de obesidade em crianças, o Ministério da Saúde lançou documento destinado aos gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde, com dados de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, aponta que, até meados de setembro de 2022, mais de 340 mil crianças, de 5 a 10 anos de idade, foram diagnosticadas com obesidade. A região Sul tem 11,52% de crianças obesas nessa faixa etária, o maior índice do País; o Sudeste tem 10,41%; e Nordeste, com 9,67%; Centro-Oeste, com 9,43%; e Norte, com 6,93% das crianças acompanhadas pelo SUS na região. 

A questão da obesidade infantil é tão preocupante que o Ministério da Saúde lançou diversos materiais específicos de orientações sobre tema: 

Texto: Jair Oliveira 

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