29/11/2024 17h10 - Atualizado em 03/12/2024 10h43

De norte a sul: Mostra Científica PIC Jr. 24 cruza Estado com dezenas de projetos expostos

Cidades de Alegre, São Mateus e Serra receberam o evento que finalizou a atual edição do programa.

Ter contato direto com o campo de pesquisa para desenvolver projetos científicos não é comum para jovens estudantes. Porém, o Programa de Iniciação Científica Júnior do Espírito Santo – Pesquisador do Futuro (PIC Jr.), uma ação do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), em parceria com a Secretaria da Educação (Sedu), tornou esse caminho mais fácil ao lançar anualmente o edital do PIC Jr.

O edital permite conectar pesquisadores a escolas públicas para que projetos de pesquisa sejam desenvolvidos por jovens alunos. Na edição deste ano, centenas de crianças e adolescentes puderam expor seus trabalhos em três Mostras Científicas PIC Jr. pelo Estado: em Alegre, região sul; em São Mateus, região norte; e na Serra, na Grande Vitória.

"O edital PIC Jr. é super importante justamente por oportunizar uma experiência científica e tecnológica via aprendizado baseado em projetos com equipes de alunos do ensino público estadual. Além disso, aproxima as instituições de Ensino Superior da nossa rede pública de Ensino Básico numa parceria vencedora, graças à parceria com a Secretaria da Educação (Sedu). Estamos despertando o interesse pela carreira científica, tecnológica e pela inovação desde cedo, preparando a geração de talentos do futuro", pontuou o diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão.

"As Mostras foram um sucesso. O novo formato, que passou de Seminário para Mostra Científica, foi bastante elogiado por todos. Os projetos estavam de alto nível, foram muito bem avaliados. Isso só mostra que o objetivo final do nosso trabalho com o PIC Jr. tem sido alcançado todo ano. A gente tem conseguido fazer a popularização da ciência, mostrar o protagonismo desses meninos. Muitos dos nossos bolsistas e alunos já estão saindo do Ensino Médio com pretensões de ir para dentro da Universidade. Após essa experiência no PIC Jr., eles têm um caminho agora, tem um norte. Isso é o mais importante", destacou a gerente de Capacitação e Formação Científica da Fapes, Valéria Pereira Canali.

"A Mostra no Ifes da Serra acabou sendo feita junto com a Feira de Ciências e Inovação Capixaba (Fecinc), então foi ótimo ter feito nesse momento. Oportunizou não só os nossos bolsistas do PIC Jr. conhecerem outros projetos, como também foi importante para eles terem um público maior para apresentar os seus trabalhos. Mostrou também o protagonismo dos alunos nos projetos desenvolvidos", ressaltou a gerente.

Início pelo sul do Estado

Tudo começou pela cidade de Alegre, no dia 21 de novembro. Entre diversos projetos apresentados no campus da cidade da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), estava o de "Reaproveitamento de resíduos para fabricação de tijolos ecológicos", coordenado pelo professor Herbert Torres, do Centro Universitário São Camilo, de Cachoeiro de Itapemirim, junto aos alunos da unidade parceira, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Jerônimo Monteiro. O pesquisador Herbert Torres explicou como surgiu a ideia e agradeceu à Fapes pelas bolsas.

"O projeto surgiu a partir de vislumbrar que o meio ambiente estava sendo prejudicado pelo excesso de descarte inadequado de materiais, como resíduo de rochas ornamentais e plástico. Esse projeto foi idealizado em várias mãos, dentro do Centro Universitário de São Camilo: por meio do professor Gílcio Silva Filho, do professor Toniel de Aquinas Azevedo, além de mim", explicou Torres.

"Em uma conversa, a partir de um outro projeto que foi gerado, que foi o da produção de vidro a partir de lama abrasiva, surgiu também a ideia de produzir material de construção a partir desses resíduos. Foi um estudo inédito na nossa região e, só foi possível, por conta do fomento das bolsas da Fapes, o auxílio dos alunos do PIC Jr.", enfatizou o docente.

Região norte também expõe seus projetos

Na semana seguinte, foi a vez de São Mateus ser palco da Mostra Científica do PIC Jr. Foram mais de 20 projetos apresentados no Campus da Ufes no local. Um em particular chamou atenção por tratar de um assunto delicado: o Acidente Vascular Cerebral, popularmente conhecido como AVC. Classificado como a segunda principal causa de mortalidade global, especialmente entre adultos e idosos, o tratamento na fase aguda é crucial para prevenir danos cerebrais irreversíveis. 

Coordenadora do pesquisa, a professora da Multivix Rafaela Lírio Sotero explicou um pouco do intuito do projeto "Aventura Cérebro S.A; Detetives Mirins Contra o AVC: A potencialidade da educação transformadora enquanto estratégia de promoção e prevenção da saúde", que realizou com os alunos do Ensino Fundamental da escola parceira EMEF Bom Sucesso, de São Mateus.

"Dada a crescente realidade de crianças vivendo com avós, destaca-se a importância de educar esse público sobre o reconhecimento precoce do AVC. Então o projeto busca resultados significativos na capacitação das crianças para reconhecerem os sinais da síndrome súbita. A eficácia será avaliada por atividades práticas e avaliações do conhecimento adquirido, visando a aumentar a conscientização sobre a gravidade do AVC e influenciar atitudes positivas em relação à saúde cerebral", detalhou Rafaela Lírio Sotero.

"A proposta incentiva atitudes preventivas nas crianças, incorporando hábitos saudáveis em suas rotinas diárias. Espera-se que essa conscientização se estenda às famílias, especialmente aquelas em risco de AVC, contribuindo para a redução do tempo entre o reconhecimento dos sinais e a busca por atendimento médico adequado, resultando em intervenções mais rápidas e eficientes", acrescentou a professora.

Grande Vitória encerra a Mostra Científica

O encerramento do PIC Jr. 2024 aconteceu no Ifes – Campus Serra, nessa quinta-feira (28). O projeto sobre "Hesitação Vacinal", coordenado por Edson Delatorre, professor da Ufes, juntamente com alunos da EEEFM Hildebrando Lucas, de Maruípe, localizada em Vitória, era um dos expostos na Mostra. Delatorre conta que a ideia do estudo surgiu na época da pandemia e que enxergou no PIC Jr. a chance perfeita de começar a executar o que tinha pensado.

"Imaginei esse projeto há um tempo atrás, quando eu tive uma série de problemas tentando vacinar minhas filhas. Eu comecei a ver uma série de profissionais da saúde, na verdade, estimulando um pouco a hesitação vacinal e fiquei com isso na cabeça. Então, quando abriu o edital do PIC Junior, pensei que era uma boa oportunidade de começar um projeto-piloto. A minha ideia, na verdade, era tentar expandir isso, fazer uma coisa mais em nível estadual, mas eu também queria ter essa experiência em nível local, até como uma forma de devolutiva para a comunidade, tentando avaliar esses fatores e conscientizar essa população", justificou Delatorre.

"A gente conseguiu integrar os alunos, eles conseguiram discutir muitos esses temas, viram como que a gente desenha um trabalho científico. Eles se debruçaram sobre o tema, estudaram sobre isso e vão atuar também. A ideia é que eles atuem como um núcleo nas suas famílias, nas suas comunidades, para a gente diminuir um pouco essa hesitação vacinal e conseguir aumentar a cobertura. Vimos uma associação entre a hesitação vacinal e a busca de informações, principalmente o WhatsApp”, disse o pesquisador.

“Também observamos que existia uma série de correlações com preceitos religiosos, culturais, que parecem estar associados a essa hesitação também. A Fapes, por meio desse edital, foi primordial para que a pesquisa fosse desenvolvida", completou Delatorre.

Em contato com a pesquisa pela primeira vez, Charles Carreiro Goulart Júnior, aluno do 2º ano do Ensino Médio da EEEFM Hildebrando Lucas, destacou ainda a importância de se tornar um agente transformador após a experiência no projeto.

"Eu nunca me imaginei participando desse tipo de projeto, até porque a minha família sempre foi muito mente fechada para esse assunto de vacina. Para eles, o certo era só o que eles pensavam e pronto. E o projeto se relaciona justamente com pessoas que não querem abrir a cabeça para tentar entender o que realmente está acontecendo. A hesitação vacinal faz mal, aprendi isso. Agora consigo perceber que tem muita gente, não só na minha família, mas pelo mundo todo, que tem essa mesma atitude. Acho que deveriam mudar", disse Goulart Júnior.

Bolsas para jovens alunos

É importante frisar que os estudantes dos projetos selecionados receberam bolsas de 400 reais, por mês, durante o período em que a pesquisa estava sendo desenvolvida. Ao todo, cerca de R$ 4 milhões em recursos foram investidos no edital 12/2013, oriundos do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec) e da Sedu.

Para aqueles que desejam participar do PIC Jr. 2025, as inscrições estão abertas e vão até esta sexta-feira (29), na plataforma SigFapes (www.sigfapes.es.gov.br). Vale frisar que a submissão dos projetos deve ser feita pelos coordenadores, que, por sua vez, têm de ser obrigatoriamente pesquisadores com título de mestre – além de residir no Espírito Santo.

 

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